Peru não avança em obras preventivas após enfraquecimento do El Niño

O Peru corre o risco de se expor a novos desastres se não investir em infraestrutura.

Segundo a Controladoria-Geral da República, até o momento, 190 obras vinculadas ao programa de “reconstrução com mudanças”, criado em 2017 para substituir estruturas danificadas pelos efeitos do fenômeno climático El Niño, estão paralisadas. Essas obras representam investimentos combinados de 3,08 bilhões de soles (US$ 827 milhões).

Da mesma forma, entidades como a Autoridade Nacional de Água (ANA) e o Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci) avançam lentamente na implantação dos investimentos atribuídos, o que, mais uma vez, deixa a população em risco.

A ANA executou apenas 16,9% dos 413 milhões de soles atribuídos para 2024, enquanto o Indeci, apenas 3,9% dos 576 milhões de soles, segundo o portal de transparência do Ministério de Economia e Finanças (MEF).

Em 2023, o Peru foi afetado por chuvas abundantes na região norte do país devido aos efeitos do ciclone Yaku, que gerou danos econômicos durante o primeiro semestre ao afetar a infraestrutura e provocar bloqueios de estradas e restrições comerciais e de transporte, entre outros problemas.

Este ano, previsões indicavam que o El Niño afetaria a costa norte com chuvas persistentes e as montanhas centrais com seca, mas a probabilidade de ocorrência desses eventos diminuiu nos primeiros meses do ano e não foram registados efeitos significativos.

RECONSTRUÇÃO

Segundo a Controladoria-Geral da República, as obras de reconstrução paralisadas estão divididas em três categorias (do governo federal, de governos regionais e de administrações locais) e representam 9,3% de todas as iniciativas paralisadas do país, o que equivale a 2.324 projetos avaliados em 33,16 bilhões de soles.

O governo federal interrompeu 86 obras de reconstrução, avaliadas em 1,95 bilhão de soles, enquanto os governos regionais reportam 23 projetos paralisados (776 milhões de soles), e os governos locais, 81 (355 milhões de soles).

Como resultado da ameaça do El Niño, a ANA recebeu 89 milhões de soles em orçamento para intervenções extraordinárias este ano, mas mostra poucos avanços. Segundo o MEF, até a metade de maio, apenas 6,3 milhões de soles haviam sido executados, com um progresso praticamente nulo.

O Indeci tem um orçamento de 160 milhões de soles para “preparação e resposta a emergências e catástrofes”, mas só executou 8,8 milhões de soles até maio, e o obstáculo parece ser o avanço lento do planejamento territorial.