Pesquisa mostra queda na avaliação da mineração na América Latina

O número de pessoas na América Latina que percebem a mineração de forma positiva continuou caindo este ano, de acordo com a terceira pesquisa Brújula Minera Latam, apresentada no Encontro Latino-Americano de Mineração 2023, realizado na Cidade do Panamá.

O estudo coordenado pela Jaime Arteaga y Asociados (JA&A) utilizou uma amostra de 7.852 pessoas em 10 países da região: Chile, Peru, Bolívia, Colômbia, México, Brasil, Argentina, Equador e, este ano pela primeira vez, Panamá e Guatemala.

A nível geral, a porcentagem de entrevistados que consideram a mineração positiva para o país caiu de 65% em 2022 para 63% este ano, enquanto em 2021 atingiu os 68%, segundo uma apresentação de Jaime Arteaga, diretor-geral da JA&A.

No Peru, a proporção de entrevistados que percebem a mineração positivamente caiu de 79% para 77%, no México caiu de 68% para 64%, no Brasil passou de 58% para 55% e na Argentina caiu de 48% para 45% e, finalmente, no Equador caiu de 52%, registrados no estudo anterior, para 44%.

No entanto, no Chile o percentual passou de 79% para 80%, na Bolívia passou de 74% para 77% e na Colômbia passou de 66% no ano passado para 70%.

“O que vemos é que estamos perdendo espaço em nível latino-americano. Digamos que, globalmente, quando tomamos todos os resultados da América Latina, menos pessoas consideram que a mineração é positiva para seu país ano após ano”, alertou Arteaga.

No entanto, o consultor destacou que isso pode ser revertido e, de fato, isso ocorreu na Colômbia nos últimos cinco anos. A pesquisa também mostra que, para muitos latino-americanos, a mineração é necessária para a vida moderna e pode beneficiar a economia e comunidades diretamente.

“Há metade das pessoas que dizem, bem, a economia do meu país ficaria pior se as operações de mineração parassem de funcionar. Isto é mais notável em países com grande presença de mineração, como Chile, Peru, Colômbia e México”, afirma Arteaga.

A pesquisa também revela uma porcentagem maior de latino-americanos em cada país que acredita que é possível que a atividade de mineração beneficie as comunidades. Colômbia, Peru e Bolívia se destacaram, com 84%; seguido por Panamá e Chile (83%); Guatemala (79%) e México (75%).

Arteaga também destacou que há uma grande oportunidade de formar opinião pública em países como Brasil, Argentina, Equador e México, onde um alto percentual de respondentes caiu na categoria “não sei, não tenho resposta”.

PREOCUPAÇÕES

A terceira edição da Brújula Minera Latam revelou que, para os latino-americanos, o setor de mineração é o que mais afeta o meio ambiente.

“Quando eu pergunto ‘dos setores a seguir, qual você acha que é o que mais afeta o meio ambiente’, não é o pecuário nem o agropecuário. É a mineração, seguida de longe pelo petróleo e de muito longe pela indústria”, acrescentou Arteaga.

Outra grande preocupação identificada pela pesquisa é a falta de confiança. “O que eu penso da mineração é uma coisa e o que eu penso de quem a exerce ou de quem a controla é outra, e a confiança de ambos deve ser alta. A confiança de quem controla a mineração tem que ser alta e a confiança de quem faz mineração tem que ser alta”, destacou o consultor.

Arteaga também afirmou que o aspecto central da construção da confiança está relacionado aos conflitos, os quais ele classifica como “o maior risco neste setor”.

Os conflitos vêm aumentando na região e o principal motivo é que as pessoas percebem que existem organizações que querem tirar vantagem política e econômica, explicou o diretor da JA&A.

“A mineração se tornou uma questão política há algum tempo. A mineração é uma questão de conversa política que não tem nada a ver se é um movimento, uma posição de direita ou de esquerda”.

Por isso, Arteaga recomenda que as mineradoras demonstrem empatia com as comunidades e a sociedade em geral. “As pessoas não estão nos perguntando quanto dinheiro vão nos dar, as pessoas não estão nos perguntando quantos empregos vão gerar. O que as pessoas estão perguntando é se ele irão cuidar de mim. Na medida em que conseguirmos responder a essa pergunta, obteremos a licença social”.