Pesquisa revela espaço para reabertura da Cobre Panamá, embora persista oposição à mina
Uma recente pesquisa nacional de opinião pública no Panamá realizada pela empresa DOXA revelou que há abertura da população à ideia de reabertura da mina Cobre Panamá, embora persista a oposição à mineração no país.
A pesquisa foi encomendada pela ARCA Media in Direct e foram 1.600 entrevistas presenciais com pessoas com mais de 18 anos, das quais 400 participantes pertenciam a comunidades próximas à mina operada pela Minera Panamá, nas províncias de Coclé e Colón.
A Cobre Panamá encerrou suas operações em novembro do ano passado, com o ex-presidente Laurentino Cortizo ordenando seu fechamento na sequência de uma decisão da Corte Suprema que decretou inconstitucional sua renovação de contrato, em meio a enormes protestos. O tribunal já havia decidido em 2017 que o contrato original também era inconstitucional.
Desde então, a subsidiária da canadense First Quantum Minerals permanece em fase de preservação e gestão segura com a produção parada. A operação chegou a representar quase 5% do PIB panamenho e 75% das exportações de mercadorias, segundo dados oficiais.
Na seção relacionada à Minera Panamá e à mina de cobre na pesquisa DOXA, foram coletadas opiniões divididas sobre a mineração.
Embora a maioria dos entrevistados acredite que a mina deveria ser encerrada permanentemente (44%), 27% concordam que deveria ser aberta e funcionar normalmente sob supervisão governamental, e 23% acreditam que deveria ser aberta para implementar um encerramento ordenado.
Apesar da oposição que ainda persiste à mineração, quando a amostra foi consultada sobre o que acreditam ter sido o principal motivo dos protestos de 2023, a maioria (38%) culpou o governo, 20% a Minera Panamá, 11% a mineração em geral e 9% os problemas do país.
Os números podem servir como argumento contra aqueles que sustentam que, se a mina for reativada, seriam retomadas as manifestações que colocam em xeque tanto a sociedade civil como as empresas panamenhas.
Além disso, quando questionados se acreditavam que o governo deveria rever o contrato com a Minera Panamá, 57% dos entrevistados responderam que sim, em comparação com 40% que disseram não, e a percentagem sobe para 65% entre pessoas das áreas circundantes à mina, em comparação com 29% que disseram não.
Quando questionados em qual das propostas relacionadas com a mina confiariam mais, a nível nacional uma maioria de 44% indicou que confiaria na proposta do presidente José Raúl Mulino, contra 18% que confiaria na proposta do sindicato dos trabalhadores das minas e similares (Suntracs) e 15% que optaram pela proposta da Câmara de Comércio.
No entorno da mina, a proposta do governo Mulino também obteve maioria, com 43%.
No final de novembro, o presidente criticou o governo anterior pela má gestão da crise que levou a Corte Suprema a declarar inconstitucional o contrato de concessão.
“Agora nos deixaram, entre outros legados negativos e desastrosos, o problema da mina, que veremos mais tarde”, lamentou o presidente. No entanto, esclareceu que estes são os mesmos tempos, porque o seu governo tem credibilidade e aceitação nacional.
57% dos entrevistados consideram que, se a mina de cobre não for aberta, o investimento estrangeiro direto (IED) sairia do Panamá, ante 33% que acreditam que voltaria. Nas áreas vizinhas à Minera Panamá, 54% pensam que o IED desapareceria, contra 26% que esperam que ele retorne mesmo que a mina não seja reaberta.
Ao perguntar apenas aos que se opõem à abertura da mina se seriam a favor ou contra a sua abertura, se sabiam que com o seu encerramento o país deixaria de receber US$ 4 bilhões de dólares e seriam perdidos 40 mil empregos, a nível nacional 52% responderam que seriam a favor, em comparação com 47% que contra. No entorno da mina, porém, apenas 13% seriam a favor da abertura e 77% seriam contra.
A pesquisa revela que, embora ainda exista uma grande preocupação com o impacto ambiental e social associado à atividade, um grande setor da população reconhece a sua importância econômica, mesmo entre aqueles que se opõem à mineração.
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