Petrobras não consegue vender fábrica de fertilizantes

A Petrobras encerrou, sem sucesso, as negociações para a venda de sua unidade de fertilizantes nitrogenados UFN III para a russa Acron, informou a estatal brasileira nesta quinta-feira.

Mas o conselho da Petrobras aprovou a venda de sua participação operacional de 90% no campo offshore de Albacora Leste para a PetroRio.

Segundo a Petrobras, o plano de negócios proposto pela Acron, em substituição ao projeto original, impedia algumas aprovações governamentais necessárias para a continuidade da operação.

“Assim, a companhia está realizando os trâmites internos para o encerramento do atual processo de venda e preparando para o lançamento de um novo teaser […] já no início de junho”, disse a Petrobras em comunicado.

A construção da UFN III teve início em 2011, sendo interrompida em 2014, com avanço físico de cerca de 81%, após a Petrobras rescindir os contratos de engenharia, aquisição e construção (EPC) com a Galvão Engenharia e a chinesa Sinopec Petroleum por suposta não conformidade.

O acordo de vendas para a planta no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, foi anunciado em fevereiro passado.

Conforme relatado pela BNamericas, ações cíveis e trabalhistas decorrentes da rescisão antecipada dos contratos de EPC revelaram-se potenciais barreiras para a conclusão do desinvestimento.

E os obstáculos cresceram com a guerra na Ucrânia.

“Vender uma fábrica de fertilizantes para os russos, neste momento, seria muito complicado”, disse uma fonte envolvida no projeto UFN III à BNamericas, pedindo anonimato.

Em relação a Albacora Leste, o desinvestimento foi fechado por US$ 2,2 bilhões, mas a conclusão depende do não exercício do direito de preferência por sua sócia Repsol Sinopec Brasil, que detém os 10% restantes do projeto.

Albacora Leste fica na bacia de Campos, em lâmina d'água que varia de 1.000 m a 2.150 m, a 120 km do Cabo de São Tomé, no norte do estado do Rio de Janeiro.

A produção média diária do campo de janeiro a março de 2022 foi de 25,4 mil b/d de óleo e 615,3 mil m³/d de gás natural.

Nos primeiros 18 meses do projeto, a PetroRio planeja investir cerca de US$ 150 milhões no FPSO P-50 e atingir opex próximo a US$ 90 milhões por ano.

O FPSO P-50 em Albacora Leste/ PetroRio

Posteriormente, será iniciada a campanha de redesenvolvimento do campo, envolvendo a conexão ou perfuração de 17 poços produtores e cinco poços injetores ao longo de cinco anos, com capex entre US$ 70 e US$ 75 milhões por poço.

Semelhante à metodologia utilizada para os ativos Frade e Wahoo, o desenvolvimento será dividido em duas etapas.

A primeira contempla a conexão entre três poços produtores, oito novos poços produtores e um poço injetor, o que pode elevar a produção acima de 50 mil b/d por dois ou três anos.

A segunda etapa envolve mais seis novos poços produtores e quatro injetores.

A PetroRio também realizará o descomissionamento antecipado de cinco poços produtores e um injetor até 2027, que já está incluso no preço pago pelo campo. A empresa estima capex de cerca de US$ 15 milhões por poço.

O abandono do ativo, previsto para após 2050, é estimado em US$ 800 milhões.