Petroleiras mexicanas pedem à Sheinbaum que reinicie rodadas de licitações e farm-outs

As petroleiras privadas do México estão pedindo ao novo governo de Claudia Sheinbaum que restaure os laços com a indústria, após anos de negligência.

O presidente cessante Andrés López Manuel Obrador, que assumiu o poder em 2018, cancelou rodadas de licitações para exploração e produção e abandonou os planos da estatal Pemex de vender campos para operadores privados nos chamados farm-outs.

Na segunda-feira (19), a Associação Mexicana de Empresas de Hidrocarbonetos (Amexhi) publicou um documento contendo oito propostas de políticas para o governo Sheinbaum. A entidade pede que o próximo governo reinicie as rodadas de licitações e implemente novos acordos de terceirização entre a Pemex e o setor privado para operar campos de petróleo e gás.

Sheinbaum tomará posse em 1º de outubro.

“Estamos buscando nos aproximar do governo”, disse Alberto de la Fuente, presidente da Amexhi, à rádio Imagen. “Acreditamos que estamos em um bom momento para ter uma conversa com a administração de Claudia Sheinbaum.”

De acordo com a Amexhi, empresas privadas de petróleo investiram US$ 35 bilhões no México, fizeram 21 descobertas e atualmente produzem 88,5 mil b/d (barris por dia) de petróleo e 194 MMf³/d (milhões de pés cúbicos por dia) de gás natural. Isto representa cerca de 5% da produção do país.

Se as rodadas anuais de licitações forem retomadas com resultados semelhantes aos dos anos anteriores, a produção do México poderá aumentar em até 1 MMb/d de petróleo e 2,4 Bf³/d (bilhões de pés cúbicos por dia) de gás natural, estima a Amexhi.

Além disso, ao terceirizar participações em campos de petróleo e gás para operadores privados, a Pemex seria capaz de reduzir seu endividamento e diminuir custos, enquanto o México aumentaria sua produção.

A Amexhi também pede um debate aberto e informado sobre o uso da tecnologia de fraturamento hidráulico, ou fracking. O governo cessante está propondo uma proibição constitucional do fracking, uma tecnologia de perfuração usada para produzir petróleo e gás de campos não convencionais, mas que demanda uso intensivo de água.

Segundo a Amexhi, 53% dos recursos de hidrocarbonetos prospectivos do país ainda não foram alocados para desenvolvimento, nem para a Pemex, nem para uma operadora privada. A maioria desses recursos está localizada em campos não convencionais que exigirão o uso de fracking.

De la Fuente também enfatizou a necessidade de desenvolver os recursos de gás natural do México para aproveitar a tendência de nearshoring e aumentar a segurança energética do país. O México atualmente importa 75% de seu gás natural dos EUA.

O aumento da produção nacional de gás natural apoiaria o crescimento de indústrias secundárias, como petroquímica e geração de energia, segundo ele.

O documento de política da Amexhi, em espanhol, pode ser baixado na caixa Documentos, no canto superior direito desta tela.