Petróleo continuará sendo principal negócio da colombiana Ecopetrol

A colombiana Ecopetrol informou na terça-feira (24) que não tem planos de eliminar gradualmente a produção de petróleo, em meio a relatos de que a empresa estatal poderia reduzir os gastos em upstream em US$ 2 bilhões no próximo ano.

O CEO Ricardo Roa disse que a empresa sediada em Bogotá não alteraria o seu orçamento anual de investimento, mas tampouco deu garantias sobre quanto seria alocado para projetos de exploração e produção (E&P) em 2024.

“Dissemos que manteremos níveis de investimento de US$ 5,6 bilhões a US$ 6,5 bilhões por ano. Este plano, tal como anunciado aos investidores e ao mercado, permanece em vigor”, declarou Roa aos jornalistas.

A Ecopetrol, responsável por mais de 60% da produção de petróleo bruto da Colômbia, disse que 65% das suas despesas de capital este ano serão direcionadas para projetos upstream, o que equivale a cerca de US$ 4,5 bilhões de dólares.

Em um relatório publicado pelo sindicato local da indústria petrolífera, tal valor poderá cair para US$ 2,5 bilhões no próximo ano, uma medida que, segundo a entidade, prejudicaria as futuras receitas de exportação e colocaria em risco a segurança energética da Colômbia.

“A redução dos investimentos da Ecopetrol resultará na contração do setor petrolífero, em geral, dado que outras empresas do setor encaram os investimentos efetuados pela Ecopetrol como o principal orientador dos seus próprios orçamentos”, afirmou a entidade.

Roa negou que a empresa já tenha decidido reduzir drasticamente os gastos com upstream no próximo ano. Ele explicou que dois cenários estavam sendo considerados: um em que a empresa alocaria US$ 3,5 bilhões para E&P, com uma meta de produção de 720 mil barris/dia, e outro em que investiria US$ 4,2 bilhões, com uma meta de produção de 731 mil barris/dia.

Ele acrescentou que o principal foco de exploração seriam os blocos offshore no mar do Caribe.

A E&P caiu acentuadamente ao longo do ano passado na Colômbia, impactada pela política anti-petróleo do presidente Gustavo Petro e pela crescente agitação social.

De acordo com dados da Câmara Colombiana de Bens e Serviços de Petróleo, Gás y Energia (Campetrol), foram utilizadas 25 plataformas de petróleo e gás a menos nos primeiros seis meses de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.

Desde que assumiu o cargo, em agosto do ano passado, Petro manteve o compromisso de suspender as rodadas de licenciamento para novos contratos de exploração e, ao mesmo tempo, aumentar os impostos sobre os produtores.

Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que há atualmente 32 contratos suspensos na Colômbia devido a conflitos sociais e a gargalos no licenciamento.

As empresas que procuraram abrir mão da área de E&P incluem ExxonMobil, GeoPark, Emerald e Frontera.

As últimas reservas oficiais de hidrocarbonetos, publicadas em maio, mostram uma autossuficiência de 7,5 anos para o petróleo e 7,2 anos para o gás, abaixo dos 7,6 e 8,0 anos registados 12 meses antes.

“O menor investimento na produção e exploração também representará uma contração das exportações de petróleo, tanto em volume como em valor [...], gerando perdas irreversíveis de reservas e produção”, afirmou a USO.

Segundo a agência governamental de estatísticas Dane, o petróleo e o gás representaram mais de um terço da receita total de exportação da Colômbia em 2022.

Roa insistiu que a Ecopetrol continuaria a prosseguir a sua estratégia de descarbonização sem comprometer o fornecimento futuro de energia.

“Nunca dissemos que vamos acabar com o negócio principal, que são os hidrocarbonetos”, afirmou. “Ao proteger este negócio, proporcionamos a riqueza para a transformação energética que o país necessita. O principal gerador de recursos continuará a existir de forma responsável, sólida e contundente”, concluiu.