Petróleo e gás, manufatura e varejo estão no radar da VMware-Nvidia para IA generativa no Brasil

A empresa norte-americana de virtualização VMware e a gigante de processadores de inteligência artificial (IA) Nvidia estão trabalhando juntas em casos de uso de IA generativa (genAI) com empresas brasileiras dos setores de petróleo e gás, manufatura e varejo, disseram executivos das duas empresas na quarta-feira (18).

A IA foi destaque no evento VMware Explore, em São Paulo, com projetos baseados na tecnologia ainda envolvendo experimentação e testes de viabilidade para uso de modelos de linguagem grande (LLM).

A VMware e a Nvidia são parceiras desde 2006. No entanto, recentemente expandiram esta aliança global para se concentrar exclusivamente em projetos empresariais de IA generativa, por meio da fundação VMware Private AI, a qual conta com iniciativa da Nvidia.

Márcio Aguiar, diretor de vendas empresariais para a América Latina da Nvidia, disse que essa abordagem comercial conjunta está começando a dar frutos na região.

“Nós estamos com parcerias e projetos conjuntos em óleo e gás, manufatura e varejo. E estamos começando a entrar também em financial e saúde”, disse Aguiar no evento.

José Duarte, presidente da VMware para o Brasil, explicou, em resposta a uma pergunta da BNamericas, que espera divulgar algumas dessas iniciativas conjuntas até o final do ano.

“O Brasil, dentro da América Latina, é considerado um early adopter. Não são muitos cases. Acreditamos que em um curto espaço de tempo poderemos anunciar um dos clientes, de um desses setores”, disse.

A IDC prevê em um relatório que os gastos globais com genAI atingirão US$ 143 bilhões até 2027, representando 28,1% do total de gastos com implementação de IA até esse ano. Esse aumento representaria uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 73,3% entre 2023 e 2027.

Tais gastos incluiriam software para genAI e hardware de infraestrutura e serviços de TI/negócios.

“A taxa de gastos com genAI será um tanto limitada até 2025 devido à turbulência nas mudanças de carga de trabalho e na alocação de recursos, não apenas em silício, mas também em redes, instalações, confiança de modelo e habilidades de IA”, comentou Rick Villars, vice-presidente de pesquisa global da IDC, no relatório.

Já Amanda Blevins, diretora de tecnologia da VMware Américas, disse no evento em São Paulo que a genAI “é relativamente nova, tendo surgido há cerca de um ano e, como tal, existem apenas alguns casos de uso importantes”.

De acordo com Blevins, uma pesquisa recente realizada pela VMware descobriu que apenas 5% das empresas criadas de machine learning chegam de fato à produção.

As preocupações com a custódia e o tratamento dos dados são outro elemento em jogo que atrasa as implementações corporativas de genAI em grande escala.

Do ponto de vista do compliance e da regulamentação, as empresas não gostariam de implementar uma solução que pudesse violar uma lei em poucos meses.

“Outros fatores que podem restringir a taxa de investimento esperada incluem preços, preocupações com privacidade e segurança, e a possibilidade de uma crise existencial que desencadeie grande antipatia do consumidor ou intervenções governamentais”, acrescentou Villars.

André Andriolli, diretor de tecnologia da VMware para a América Latina, comentou à BNamericas que propriedade intelectual, regulamentação e a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil] são fatores mencionados pelos clientes nas negociações envolvendo genAI.

As empresas estão explorando isso, a grande maioria em modo experimental. Elas ainda estão avaliando e testando o mercado”, disse.

Duarte acrescentou que “o que temos visto ocorrer aqui não é diferente do que vemos em outros lugares no mundo. O investimento não é pequeno. Todos estão buscando uma aplicabilidade”.

Tanto Duarte quanto Andriolli foram enfáticos ao apoiar uma regulamentação específica para IA, como tem sido discutido pelo Senado brasileiro e por parlamentares de outros países da América Latina.

“Como cidadão brasileiro, eu quero, sim, ver uma regulação”, afirmou Andriolli, enquanto Duarte complementou que “claramente, é sim [o caso de criar uma legislação]. Existe uma preocupação muito grande sobre genAI.”

Os executivos da VMware também explicaram que equilibrar os ganhos de negócios com questões de privacidade e compliance em uma organização é um dos focos especiais do VMware AI Labs e da fundação VMware Private AI com a Nvidia.

“A cibersegurança na genAI é provavelmente o tema mais comentado no mundo nesta área”, concluiu Blevins.