Plano de construir presídio em ilha enfrenta novas críticas em Honduras

Os planos da presidente hondurenha Xiomara Castro de construir um complexo prisional em ilhas a 250 km do continente foram criticados pelo embaixador dos EUA nas Honduras e por uma ex-primeira-dama do país.

Dias após o prazo de apresentação de manifestações de interesse para o processo de pré-qualificação do contrato – supervisionado pela autoridade penitenciária local – a embaixadora dos EUA em Honduras, Laura Dogu, comentou que as instalações em alto mar seriam difíceis de operar.

“Nos EUA tentamos construir prisões em ilhas distantes do continente. Em São Francisco temos a famosa prisão de Alcatraz e tem sido muito difícil manter um complexo tão distante e tão isolado”, disse ela ao La Prensa. “Não sei como o governo [hondurenho] fará isso e é sua responsabilidade tomar essa decisão. Veremos o que acontece.”

A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou recentemente a primeira fase da licença ambiental do projeto, após meses de atrasos

Para Ana García de Hernández, esposa do ex-presidente Juan Orlando Hernández (2014-22), a ideia do projeto não é nova. Durante a administração de Hernández, ele teria visitado duas vezes as ilhas Cisne e considerou construir um complexo prisional ali.

O projeto foi descartado e considerado “inadequado” devido a preocupações ambientais, aos elevados custos de construção e manutenção, bem como aos riscos representados pelos furacões e pelo crime organizado, e por questões logísticas.

García acrescentou que esse projeto não resolverá os problemas criminais de Honduras e mostra a “incapacidade e improvisação [do governo de Castro] em termos de segurança”.

“Diante da crise que o país atravessa em termos de criminalidade, o governo promove a construção de uma prisão como distração, com um arranjo envolvendo outorga direta de contratos em uma área natural protegida, a qual não tem os requisitos para este tipo de construção”, disse ela nas redes sociais.

Xiomara Castro emitiu uma ordem executiva para construir a nova prisão após confrontos entre gangues numa penitenciária feminina perto da capital Tegucigalpa, em junho do ano passado, os quais resultaram na morte de 46 presidiárias.