Plano de infraestrutura de Milei pode deixar 1.700 projetos no limbo

O plano do presidente argentino, Javier Milei, de retomar o financiamento federal de infraestrutura deixaria 1.700 projetos sem recursos, pois beneficia apenas obras que estejam pelo menos 80% concluídas.

Outros projetos abaixo desse limite receberam cerca de US$ 545 milhões antes de Milei assumir o cargo em 10 de dezembro, informou a agência de notícias TN, citando documentos oficiais.

De acordo com a base de dados de obras públicas Mapa Inversiones, atualizada pela última vez pouco antes do início do mandato de Milei, alguns dos maiores projetos potencialmente deixados de fora são:

– Rota nacional 19, intersecção São Francisco-trecho Cañada Jeanmarie (US$ 92,3 mi), 32,3% concluída em 6 de dezembro;

– Rodovia Rio Cuarto-São Francisco, trecho nacional nº 9-trecho provincial nº 2 (US$ 98,1 mi), 53,1% concluída;

– Rodovia Cañuelas-Azul, trecho de acesso San Miguel del Monte-Gorch (US$ 91,4 mi), 11,4% concluída;

– Aqueduto Gran Tulum (US$ 40,4 mi), 48,3% concluído;

– Aqueduto San Javier, trecho San Javier-Tostado (US$ 259 mi), 2,41% concluído;

– Aqueduto do rio Colorado e obras complementares (US$ 89,7 mi), 1,01% concluído;

– Hospital Central de La Rioja (US$ 174 mi), 1,51% concluído.

Milei concordou em retomar parcialmente o financiamento federal de infraestrutura como parte das negociações com os governadores provinciais, que por sua vez prometeram angariar apoio para o seu projeto de “lei ônibus” no Congresso argentino.

A falta de financiamento e a consequente paralisia agravaram a crise no setor de construção do país, que já lutava contra a inflação e os atrasos nos pagamentos antes de Milei se tornar presidente.

EXCEDENTE

A Argentina alcançou seu primeiro superávit em 16 anos durante o mês de março, registrando 275 bilhões (US$ 286 mi). No entanto, críticos alegaram que isso se deveu a cortes massivos de gastos, e não à melhoria da arrecadação de impostos.

As despesas federais caíram 87% em termos anuais no mês passado, para 87,4 bilhões de pesos, informou o centro de estudos econômicos CEPA, citando dados do instituto de estatísticas Indec.

Os investimentos em energia caíram 77%, os transportes 95%, a educação 87%, a habitação quase 100%, com a água 84% e outros setores 83%.

As despesas públicas caíram 28,6% em termos homólogos, mas as receitas também caíram 8,6%.