Plebiscito constitucional do Chile não irá necessariamente acabar com a polarização, afirma CEO

Se a nova Constituição do Chile não for aprovada por maioria decisiva no plebiscito de 4 de setembro, a instabilidade política continuará, segundo um líder empresarial.

A perspectiva de não atingir essa maioria está levando os CEOs locais a serem mais pessimistas sobre as perspectivas econômicas do que a média global, disse Óscar Hasbún, CEO da empresa de navegação local CSAV, em um webinar de perspectivas de CEOs organizado por Fundação Chile-Pacífico e PwC.

“O resultado ideal seria que a constituição fosse aprovada por 90% a 95% dos votos, mas para que isso aconteça o acordo em torno da constituição não deve ser construído exclusivamente no âmbito da assembleia constituinte”, disse Hasbún em resposta a uma pergunta da BNamericas.

Pesquisas de opinião recentes sugeriram que a constituição poderia até ser rejeitada no plebiscito, após propostas controversas sobre mineração, sistema de justiça, organização territorial e composição do legislativo. Declarações incorretas e comentários dos membros da convenção foram citados como aumentando as dúvidas do público.

Se for aprovada apenas com uma margem estreita, outro período de polarização começará, especialmente se a nova constituição diferir significativamente da atual, disse Hasbún.

“Em um cenário em que a constituição é muito diferente do que conhecemos e exige que a legislação se adapte de maneira radical, o que cria é uma tremenda instabilidade, porque estaremos elaborando leis para os próximos 10 anos”, disse ele, acrescentando que o Chile perderia atratividade para investidores estrangeiros.

Os resultados da pesquisa Global CEO da PwC também foram apresentados durante o webinar. A pesquisa descobriu que a volatilidade macroeconômica é vista como a maior preocupação dos CEOs chilenos, enquanto em escala global os riscos de segurança cibernética estão no topo da lista.

Além disso, enquanto globalmente 75% dos CEOs acreditam que o crescimento de seus respectivos países irá melhorar no próximo ano, apenas 34% dos CEOs chilenos acreditam nisto, com 67% esperando que piore.

Apenas 37% dos CEOs chilenos disseram estar “muito” ou “extremamente” confiantes em suas perspectivas de receita para os próximos 12 meses, em comparação com 56% globalmente.

Os números são semelhantes para as perspectivas de três anos.

E o estudo descobriu que o Chile está atrás da média mundial em termos de compromissos de sustentabilidade, pois apenas 14% dos CEOs consultados fizeram promessas de neutralidade de carbono ou zero líquido, em comparação com 28% globalmente, embora as mudanças climáticas tenham sido citadas como o principal risco por 56% dos entrevistados chilenos.