Por que a New Fortress Energy considera o GNL um negócio promissor no Brasil
A New Fortress Energy (NFE) considera o GNL uma indústria crescente e promissora no Brasil, devido às sinergias com o gás natural produzido internamente, disse o diretor-geral local da empresa norte-americana, Leandro Cunha, à BNamericas.
Cunha acrescentou que o GNL tem a particularidade de oferecer versatilidade comercial, tanto em operações de grande como de pequena escala.
Para ilustrar a questão, ele se referiu ao modelo emergente de contratação de termelétricas por meio de contratos de capacidade de reserva.
“Esses acordos, que exigem total flexibilidade, consideram o GNL mais viável que o gás natural, dada a inevitável flexibilidade de fornecimento que as usinas termelétricas exigem”, disse Cunha.
“O GNL oferece uma adaptabilidade distinta para atender indústrias com demandas variáveis e picos sazonais de consumo, além da capacidade de alcançar regiões carentes de infraestrutura de gás natural.”
Cunha reconhece que, no atual cenário geopolítico com a ascensão dos preços das commodities, o GNL pode não se apresentar tão competitivo, neste momento, frente ao gás natural, em situações que demandem baixa flexibilidade, como é o caso das demandas das distribuidoras.
“Entretanto, em mercados que necessitam de alta adaptabilidade ou em locais ainda não atendidos por infraestruturas de gás natural, o GNL se posiciona não só como altamente competitivo, mas muitas vezes como a única alternativa viável aos combustíveis mais poluentes”, afirmou.
Quando questionado sobre os desafios que se aproximam, o executivo apontou a viabilização da infraestrutura essencial para a comercialização de GNL.
A NFE está implantando dois terminais de importação de GNL, nos estados do Pará e de Santa Catarina, e se prepara para operar unidades de navegação, armazenamento e regaseificação (FSRU) que permanecerão ancorados nos terminais no longo prazo.
“Com diversos terminais de importação de GNL já em operação, ou prestes a iniciar a operação no Brasil, o objetivo atual é otimizar o uso dessas instalações”, declarou Cunha.
O segundo desafio, disse ele, é o equilíbrio entre preço e prazo contratual.
Especificamente no contexto do GNL de pequena escala, os contratos precisam estabelecer termos adequados que justifiquem os investimentos destinados ao atendimento de clientes – uma questão que se torna mais complexa diante do atual panorama de elevação dos preços do gás internacional.
“Contudo, recentes quedas nos preços sinalizam que o mercado local já apresenta um cenário favorável para o GNL, especialmente quando se leva em conta a sua flexibilidade”, reforçou Cunha.
DETALHES DO PROJETO
Na quarta-feira (8), o diretor-gerente global da NFE, Andrew Dete, declarou em um webcast para investidores que o terminal de GNL de Barcarena (Pará) iniciará as operações no final de 2023.
A FSRU a ser instalada em Barcarena é a Energos Celsius, que está em obras de conversão no pátio Seatrium, em Singapura.
Barcarena tem um contrato com a Norsk Hydro de 30 trilhões de BTU, por 15 anos, que entrará em vigor quando o navio chegar e começar a enviar gás no início de janeiro.
Também em Barcarena, a NFE está construindo uma usina térmica com 37% do projeto concluído, sob o contrato de engenharia, aquisição e construção com preço e data fixos com a Mitsubishi e a Toyo Setal.
A usina de 630 MW, sob o contrato de compra de energia de 25 anos, recebeu recentemente financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil, BNDES.
“Temos mais de 1.000 MW em outras licenças para novas usinas próximas ao terminal, e estamos animados para operar este terminal e transformar a na foz da Amazônia, que hoje não tem gás e dependente totalmente combustíveis derivados de petróleo. Além disso, também queremos continuar anunciando novas atividades comerciais no terminal”, disse Dete.
Em Santa Catarina, no sul do Brasil, a Energos Winter FSRU está programada para iniciar operações em janeiro.
“Este é um terminal extremamente interessante porque é a primeira vez que estamos realmente conectados a um sistema completo de gasodutos de transporte, e isso nos dá um conjunto realmente diversificado de oportunidades”, disse Dete.
Ele enfatizou que, no sul do Brasil, a NFE fornece carga básica para seus clientes de gás, tanto empresas industriais quanto distribuidoras.
“Há cerca de 2.000 MW de usinas de energia sem fornecimento firme de gás. Podemos trabalhar com desenvolvedores greenfield, dos quais existem cerca de 1.000 MW de usinas autorizadas na região”, apontou o executivo.
“Também podemos ser proprietários de usinas de energia. Há um mercado de capacidade muito bem regulamentado e bem administrado no Brasil, que pode conceder contratos de longo prazo para capacidade elétrica e também para energia. Então, também poderemos fornecer balanceamento e outros serviços ao sistema de dutos”, acrescentou.
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