Por que a Wärtsilä está trazendo ao mercado um sistema maior de armazenamento de energia

Um novo sistema de armazenamento de energia projetado pela finlandesa Wärtsilä Energy Storage and Optimization (ES&O) reflete as tendências emergentes da indústria e as primeiras unidades devem chegar ao Chile no próximo ano, conforme informado à BNamericas.

O Quantum2 – que se juntará ao sistema modular Quantum da empresa, já implantado no Chile – foi recentemente anunciado no mundo todo. O Quantum2 ainda não foi lançado em nenhum lugar.

Ambos são entregues aos clientes como unidades completas, abrangendo gabinetes, sistemas auxiliares e células de bateria, que são adquiridos de fabricantes de tier 1 e integrados pela Wärtsilä ES&O.

Os engenheiros da Wärtsilä ES&O desenvolveram o Quantum2 em resposta ao fortalecimento das tendências globais em torno de redução de custos em componentes sem baterias, impacto ambiental e tamanho crescente das instalações de armazenamento.

Com 4 MWh e independente de bateria, o Quantum2 tem maior capacidade do que o Quantum de 1,5 MWh e ocupa um contêiner ISO padrão de 20 pés, ajudando a reduzir custos logísticos e de instalação, já que requer menos unidades para atingir as metas de capacidade.

Outras mudanças incluem: medidas de segurança contra incêndio, supressão de ruído de áudio – à medida que as usinas são construídas mais próximas das comunidades – e novas opções de HVAC para ajudar a gerenciar os custos de eletricidade associados ao funcionamento do compartimento.

“Um dos principais impulsionadores [por trás do desenvolvimento do Quantum2] foi o custo”, disse Darrell Furlong, diretor de Gerenciamento de Produtos de Armazenamento de Energia e Engenharia de Hardware da Wärtsilä ES&O.

“É um mercado muito competitivo em termos de custos. Todos neste setor estão tentando identificar onde estão os custos atualmente e o que pode ser feito para reduzi-los.

“Houve uma grande queda no custo das baterias de íons de lítio nos últimos 12 meses, então, quando os custos das baterias caem, o restante do sistema se torna proporcionalmente mais caro.”

A Wärtsilä está presente no Chile desde 1992 e envolvida no armazenamento de energia local desde 2017. Recentemente, a pedido do gerador local Colbún, a empresa forneceu um sistema de armazenamento de bateria de 8 MW/32 MWh para o parque solar fotovoltaico de 230 MW Diego de Almagro Sur, localizado na região de Atacama. Além disso, também está trabalhando com uma concessionária multinacional em mais dois projetos contratados.

Em 2025, o Chile receberá a primeira remessa do Quantum2, projetado para baterias com duração de injeção de 2 a 8 horas e, dada a sua capacidade de 4 MWh, é voltado para instalações de armazenamento maiores.

“A América do Sul é um dos nossos principais mercados”, afirmou Furlong.

Neha Sinha, gerente de Produto do Sistema de Armazenamento de Energia da Wärtsilä ES&O, disse que, mundialmente, o tamanho da planta de armazenamento deve aumentar: “Com as unidades modulares [Quantum], tínhamos pequenas quantidades que poderiam ser adicionadas, mas eram muitas unidades”.

“Quando você olha para esses locais maiores – e globalmente estamos vendo locais cada vez maiores – esta unidade maior elimina a modularidade, mas permite que você envie, instale, faça manutenção e conecte menos unidades, por exemplo.”

Furlong também comentou sobre a tendência. “No mundo todo o tamanho dos projetos está aumentando e quando você analisa os três anos anteriores… os projetos podem ter sido de 30 a 50 MWh. Portanto, um módulo menor permitia construir o site próximo das especificações que o cliente desejava”, explicou.

“Ao construir um site de bateria de 1 GWh, é possível instalar um contêiner maior e com todos os benefícios mencionados anteriormente.”

Entretanto, as empresas de energia no Chile, incluindo a Enel, tendem a injetar por períodos de tempo mais longos, para se beneficiar dos preços favoráveis da eletricidade sem energia solar.

Em apoio a isso, Sinha afirmou: “Estamos vendo um aumento na demanda por durações mais longas e é isso que procuramos apoiar”.

Em termos de capacidade no Chile, o governo espera atingir este ano o marco histórico do portfólio de armazenamento de energia de 2 GW.

O QUE ESTÁ POR VIR

“Continuamos a desenvolver produtos, a focar na redução de custos e também em novas tecnologias de células de bateria à medida que chegam ao mercado”, disse Furlong.

Ele acrescentou que os fabricantes de células de bateria estão trabalhando para tornar as baterias maiores e mais densas em energia e para melhorar seu ciclo de vida e degradação.

“Trabalhamos constantemente com nossos fornecedores de células para trazer esta nova tecnologia emergente ao mercado o mais rápido possível.”

Em nível global, também está crescendo o interesse na utilização de sistemas de armazenamento de baterias para substituir plantas como as usinas de diesel, que os operadores da rede recorrem em momentos de demanda por eletricidade particularmente elevada.

“Essa é a próxima fase e é tudo uma questão de economia”, assinalou Furlong. “Quando as pessoas falam sobre armazenamento de longa duração, não se trata tanto de tecnologia – já que até as baterias de íons de lítio podem ser usadas em aplicações de 72 horas – a questão é a economia.”

No Chile, as principais aplicações dos sistemas, hoje, são a arbitragem e a prestação de serviços auxiliares.

CONTEXTO DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA NO CHILE

Atualmetne, o Chile tem 226 MW de capacidade de armazenamento em bateria em fase operacional, de acordo com um relatório de fevereiro da associação local de energias renováveis e armazenamento Acera. Os sistemas autônomos respondem por 54 MW, enquanto a capacidade de armazenamento incorporada em usinas solares fotovoltaicas e hidrelétricas é responsável por 113 MW e 60 MW, respectivamente.

Além disso, 347 MW de capacidade de armazenamento solar fotovoltaico estão em fase de testes.

Pouco mais de 800 MW (37 MW autônomos, 32 MW ligados a energia eólica e 735 MW ligados a energia solar fotovoltaica) estão em fase de construção.

As autoridades concederam licenças ambientais correspondentes a 1,89 GW de capacidade planejada de armazenamento de baterias, dos quais 1,60 GW estão relacionados a parques solares fotovoltaicos.

Em relação ao portfólio de licenciamento, 6,54 GW de capacidade planejada de armazenamento em baterias estão em fase de revisão ambiental, com 1,29 GW autônomos, 272 MW ligados à energia eólica, 3,56 GW referentes à energia solar fotovoltaica e 1,42 GW a sistemas de armazenamento pertencentes a parques híbridos solares e eólicos.

Além da esfera de armazenamento em baterias, o projeto de sal fundido de 560 MW, denominado Alba, recebeu licenciamento ambiental, juntamente com um projeto de armazenamento de energia em ar líquido de 50 MW, Ensicom.

Ao longo da última década, e com milhares de milhões de dólares em investimentos, o parque de energias renováveis do Chile cresceu rapidamente. O aumento da penetração da produção renovável não variável e um plano que está sendo executado para retirar cerca de 5,5 GW de capacidade alimentada a carvão estimularam a demanda de sistemas de armazenamento de energia para ajudar a absorver os excessos de fornecimento solar diurno e apoiar a estabilidade do sistema.