Porto de Santos irá implantar gêmeo digital em parceria com usina de Itaipu

O porto de Santos, o mais movimentado da América do Sul, desenvolverá um gêmeo digital para suas operações marítimas e terrestres em parceria com a PTI, braço de tecnologia da hidrelétrica de Itaipu.

A medida marca o fortalecimento de uma parceria entre as duas entidades estatais e segue um anúncio feito neste mês pela Autoridade Portuária de Santos (APS), em parceria com a PTI, da implantação de uma rede 5G privada no perímetro do porto.

O projeto do gêmeo digital começou no final de 2024, embora o contrato que formalizou a parceria tenha sido publicado no diário oficial em 13 de fevereiro. O acordo entre as partes, assinado em 7 de fevereiro, tem duração de cinco anos e prevê investimentos conjuntos de quase R$ 60 milhões (US$ 10,5 mi), dos quais mais de R$ 56 milhões virão da APS.

Em comunicado, a autoridade informou que o projeto levará à criação de uma réplica virtual precisa do canal de navegação e de grande parte da infraestrutura física do porto. A iniciativa faz parte do esforço de modernização portuária e visa otimizar as operações, cortar custos e aumentar a segurança.

O PROJETO

O gêmeo digital do porto será usado como uma réplica virtual, 3D e interativa para permitir o monitoramento em tempo real do tráfego de embarcações, movimentação de cargas e uso de berços.

“Com ele, será possível simular cenários diversos, como a introdução de novas rotas ou mudanças operacionais, sem impacto direto nas atividades portuárias”, segundo a APS.

O projeto será desenvolvido em etapas, começando com uma varredura detalhada dos objetos do porto, principais ativos e edifícios, incluindo propriedades estratégicas e a usina de Itatinga, que abastece os terminais com suas linhas de transmissão.

A partir desse escaneamento e banco de dados, será construído o modelo digital que permitirá o monitoramento e a simulação de cenários.

A tecnologia de gêmeos digitais já é usada em grandes portos ao redor do mundo, como Roterdã (Países Baixos), Houston (EUA) e Tianjin (China).

No Brasil, a Petrobras está expandindo gêmeos digitais de algumas de suas plataformas. Neste caso, o modelo das réplicas virtuais foi desenvolvido pela empresa catarinense ESSS.

ITAIPU

No parque tecnológico de Itaipu, projetos de P&D que utilizam diversas técnicas e tecnologias essenciais para a criação de gêmeos digitais são desenvolvidos há alguns anos. Com base nessa expertise, a PTI desenvolveu modelos 3D para as unidades geradoras da usina de Itaipu.

O modelo foi integrado ao SOMA (sistema de monitoramento orientado a ativos), o principal sistema de gestão da barragem de Itaipu.

A réplica virtual foi resultado de uma parceria entre Itaipu, o Centro de Desenvolvimento de Tecnologias do Setor Elétrico do governo federal (Cepel), o Centro de Competência em Estruturas de Barragens e a empresa AIS Ambientes Virtuais.

A AIS foi fundada em 2013 por alunos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e incubada como startup na PTI. É provável que a empresa seja a principal responsável pelo desenvolvimento do gêmeo para o porto.