Preços dos metais impulsionam mineração mexicana por três trimestres consecutivos

A mineração não petrolífera no México registrou três trimestres consecutivos de crescimento até junho, impulsionada pela alta dos preços de metais como ouro, prata, cobre e zinco, informou o Banco Central (Banxico) em seu relatório trimestral sobre as economias regionais.

No relatório, elaborado a partir de pesquisas com executivos de empresas de todo o país e dados oficiais, o Banco Central destacou que, entre os fatores comuns que impulsionaram a mineração não petrolífera em todas as regiões entre abril e junho, “os executivos consultados identificaram o aumento dos preços internacionais dos metais como o principal fator”. 

“Este aumento foi atribuído em parte às restrições impostas aos metais russos nas bolsas de valores dos Estados Unidos e do Reino Unido, bem como à expectativa de uma recuperação da atividade industrial global”, indicou a entidade monetária. “Além disso, as fontes consultadas apontaram que o aumento da demanda chinesa por metais de uso industrial foi outro fator que explicou a alta nos preços de mercadorias como cobre, zinco e chumbo”.

A entidade explicou que a alta dos preços dos metais estava associada à diversificação das reservas dos bancos centrais, tensões geopolíticas em várias partes do mundo e à expectativa de uma redução global das taxas de juros, o que incentiva o uso desses metais como refúgio de investimento.

Na região norte, os executivos apontaram para uma elevada procura de minerais de construção, especialmente areia e cascalho, para a construção de projetos residenciais e comerciais na Baja California e Nuevo León, associando isso ao processo de relocalização das cadeias de suprimento, ou nearshoring.

No centro-norte, os produtores de fluorita reportaram maiores lucros devido ao aumento do preço desse mineral, que ganhou relevância devido às suas múltiplas aplicações em eletrificação, baterias e refrigeração.

No centro, foram relatados investimentos em novas tecnologias para melhorar as tarefas de exploração, o que se espera refletir em volumes maiores de produção. A demanda por brita e areia para construção aumentou devido à construção de escritórios, armazéns e galpões em zonas industriais em Guanajuato, Querétaro e Hidalgo, principalmente por empresas em processo de expansão ou que estão se deslocando para esses estados.

INSEGURANÇA DEVIDO A REFORMAS

Entre os fatores limitantes para a mineração metálica e não metálica, os entrevistados de todas as regiões identificaram um aumento no custo do transporte de mercadorias e da energia elétrica, além do impacto da valorização acumulada do peso em relação ao dólar até o início do segundo trimestre. Essa valorização foi moderada em junho, após as eleições gerais.

O relatório afirma que “a incerteza causada pela reforma no marco legal do setor continua sendo citada, o que, segundo os entrevistados, ainda restringe os investimentos, especialmente devido à demora na concessão de permissões de extração”.

Em meados de agosto, a comissão de pontos constitucionais da Câmara dos Deputados aprovou a proposta do Executivo de proibir a mineração a céu aberto. Esta proposta foi inicialmente apresentada em fevereiro pelo presidente Andrés Manuel López Obrador como parte de um pacote de 20 reformas constitucionais e jurídicas, que inclui também a recentemente aprovada reforma do Poder Judiciário, que aguarda apenas a sanção do Congresso para ser publicada.

Especificamente no centro, as fontes consultadas mencionaram que vários projetos foram adiados devido à incerteza gerada pelo recente processo eleitoral de junho e pelas políticas do setor.