Prisão offshore hondurenha parece incorrer em enormes custos financeiros e ecológicos

Construir uma prisão offshore a 200 quilômetros do continente de Honduras na Ilha Cisne pode esgotar os cofres do Estado e destruir ecossistemas únicos, segundo o head da associação de engenheiros civis, Jorge Paz.

“Existem espécies únicas na ilha. Elas não podem ser encontrados em nenhum outro lugar do Caribe, e tudo isso está em perigo caso a construção avance. A história mostra que as prisões em lugares remotos não são administráveis, são difíceis e sua manutenção é cara”, disse Paz à BNamericas.

“Este projeto foi conduzido muito levianamente e não foi pensado porque, se o governo tivesse pensado nisso, não teria escolhido aquele local em primeiro lugar.”

Paz disse que a construção em ilhas mais próximas do continente tem sido 50-75% mais cara. O jornal El Heraldo citou especialistas dizendo que a prisão da Ilha Cisne pode custar US$ 800 milhões devido aos altos custos de transporte de material. Mas Paz disse que o valor final pode ser ainda maior.

“Os custos de construção são extremamente elevados. Estamos falando de três a cinco vezes mais do que custa construir no continente. Além disso, o governo emitirá um decreto de emergência para conceder o contrato sem um amplo processo de licitação”, disse ele.

“Além dos danos que este projeto vai causar e do custo que vai implicar, também pode haver corrupção. Sem nos anteciparmos, não se pode entender por que eles querem construir com tanta pressa.”

Paz disse que o projeto é “mais um exemplo da falta de planejamento deste governo, do processo decisório apressado, sem análise séria”.

A presidente Xiomara Castro emitiu uma ordem executiva para construir a prisão depois que confrontos entre gangues em uma penitenciária feminina perto de Tegucigalpa, em 20 de junho, resultaram na morte de 46 detentas.

O ministro da Defesa, José Zelaya, disse que todos os estudos de pré-construção serão realizados para que a prisão seja construída o mais rápido possível.

Na foto: Ilha Cisne. Fonte: Ministério da Defesa