Produção global de prata deve cair em 2023 devido a quedas no México e no Peru

A produção global de prata extraída deve cair 2% este ano no comparativo anual, para 820 Moz, impulsionada pela menor produção das operações no México e no Peru, de acordo com o The Silver Institute.

“A produção do México deve registrar queda de 16 Moz devido ao impacto da suspensão das operações em Peñasquito (propriedade da empresa norte-americana Newmont) no segundo e terceiro trimestres em resposta à greve trabalhista”, destacou o instituto.

“Mesmo assim, a produção global das minas de prata primária ainda aumentará este ano, motivada pelo aumento esperado na mina Juanicipio”, acrescentou.

Essas descobertas foram relatadas por Philip Newman, diretor-geral da Metals Focus, consultoria independente de pesquisa de metais preciosos, e Sarah Tomlinson, diretora de fornecimento de minas, durante o jantar anual promovido pelo The Silver Institute para membros do setor da prata em Nova York, informou o instituto em um comunicado.

As operações de Peñasquito foram interrompidas por mais de quatro meses, após o início de uma greve em 7 de junho. De acordo com a câmara de mineração Camimex, Peñasquito produziu 566.000 oz de ouro e 29,7 Moz de prata no ano passado, fazendo do estado de Zacatecas o maior produtor de metais preciosos do México.

O projeto Juanicipio (56% MAG Silver Corp/44% Fresnillo) iniciou a produção comercial em 1º de junho de 2023, após um período de comissionamento bem-sucedido. À medida que a Juanicipio aumentou suas operações e passou para plena capacidade, houve uma redução progressiva de sua dependência das plantas próximas de Fresnillo e Saucito (100% propriedade da Fresnillo), no estado de Zacatecas.

Apesar da demanda mais fraca e de uma leve queda na oferta total, o The Silver Institute prevê outro déficit físico considerável no mercado global de prata em 2023, “marcando o terceiro ano consecutivo de déficit anual”.

“Será de 140 Moz, 45% menor que a máxima histórica de 2022, mas ainda é um número elevado, para os padrões históricos”, afirmou.

A entidade também destacou que a Metals Focus considera que o déficit persistirá no mercado de prata em um futuro próximo.

“A Metals Focus espera que o preço médio da prata aumente 6% com relação ao ano anterior, para US$ 23,10 [por onça] este ano.”

Até 7 de novembro, os preços cresceram 8% ano a ano. Para o futuro, a Metals Focus acredita na máxima “mais altas, por mais tempo”, no que diz respeito às expectativas das taxas de juros dos EUA, acrescentou o comunicado.

“Este cenário não é favorável para ativos de rendimento zero, como a prata. O apelo ao investimento do metal branco também será prejudicado pela fraca confiança nas matérias-primas industriais devido à desaceleração da economia chinesa. Com isso em mente, a Metals Focus mantém uma perspectiva cautelosa para o preço da prata para agora e para grande parte de 2024”, destacou o The Silver Institute.

DEMANDA

Globalmente, a previsão é que a demanda total de prata diminua 10%, atingindo 1,14 Boz em 2023.

“Os ganhos em aplicações industriais serão compensados por perdas em todos os outros segmentos-chave. Apesar da queda, a demanda total permanece historicamente elevada, tornando o número de 2023 o segundo mais alto na série de dados da Metals Focus”, acrescentou o comunicado da instituição.

No entanto, espera-se que a demanda industrial de prata cresça 8%, para um recorde de 632 Moz este ano. “Os principais motores deste desempenho incluem o investimento em energia fotovoltaica, redes elétricas e redes 5G, o crescimento no setor de eletrônicos de consumo e o aumento da produção de veículos.”