Próxima fase do projeto de e-fuels de US$ 4 bi do Uruguai envolve licenciamento e trabalhos de engenharia

A HIF Global, desenvolvedora do projeto, disse à BNamericas que o complexo de e-fuels proposto no Uruguai faz parte de um portfólio mais amplo de iniciativas de hidrogênio verde.

O projeto de combustíveis sintéticos de US$ 3,985 bilhões foi anunciado na semana passada como vencedor de uma licitação no Uruguai.

O projeto uruguaio envolve a instalação de 1 GW de capacidade de eletrolisador e um complexo solar e eólico de 2 GW, além das linhas elétricas para gerar e transportar a energia limpa necessária. A produção estimada é de 256 Ml/ano de e-gasolina, que seria feita a partir de metanol verde, produzido, por sua vez, com hidrogênio verde e dióxido de carbono obtido da biomassa.

Fundada como um spin-off da desenvolvedora e consultoria chilena Andes Mining & Energy, a HIF Global também possui um projeto em fase de desenvolvimento e uma planta de demonstração de e-fuels em operação no Chile, bem como iniciativas fora da América Latina.

“Nossos planos continuam no Chile, nos Estados Unidos e na Austrália”, disse a empresa à BNamericas por e-mail, acrescentando que a mudança climática é um problema global que exige soluções globais. “Continuaremos buscando oportunidades em diferentes países e regiões para aumentar a produção de e-fuels em escala comercial.”

Em termos de desenvolvimento do projeto do Uruguai – ligado à fábrica de bioetanol e ração animal Paysandú, da empresa de biocombustíveis Alur –, os próximos passos envolvem o avanço do licenciamento e dos trabalhos de engenharia, apurou a BNamericas.

A Alur e a petroleira estatal Ancap conduziram o processo de licitação. O Uruguai está bem posicionado para atrair investimentos nesses tipos de projetos. Aparentemente, pelo menos, todas as peças necessárias estão no lugar: um ambiente macroeconômico e de negócios estável, esforços do governo para construir uma indústria de hidrogênio verde, infraestrutura de midstream existente, demanda, recursos de energia renovável e o fator decisivo: pronto acesso à biomassa, fonte de dióxido de carbono. A Alur possui três plantas agroindustriais. O Uruguai conta com grandes setores agropecuários e de celulose.

Sobre a proposta da HIF Global, a Ancap destacou em um comunicado: “O projeto apresentado se enquadra como uma iniciativa de alta prioridade na estratégia de expansão internacional da HIF, que já tem compromissos significativos de fornecimento de e-fuels para terceiros”.

Enquanto isso, na região de Magalhães, no extremo sul do Chile, a HIF Global já opera uma planta de demonstração de e-fuels de 130.000 l/ano, Haru Oni, desenvolvida com vários stakeholders, incluindo a montadora alemã e acionista minoritária da HIF Porsche. Anteriormente, os responsáveis afirmaram que uma ampliação da capacidade havia sido planejada para facilitar as exportações em grande escala.

Os projetos chilenos associados são o parque eólico Faro del Sur, de 325 MW e US$ 500 milhões, que foi retirado do processo de revisão ambiental no ano passado e ainda não foi reapresentado, e a usina de e-fuels com 66 Ml/ano de capacidade HIF Cabo Negro, ambas em Magalhães. A planta extrairia dióxido de carbono da atmosfera. 

O governo do Chile também está trabalhando para estimular o desenvolvimento de uma indústria de hidrogênio verde e criando um roteiro para complementar uma estratégia existente. Funcionários da agência de desenvolvimento estatal Corfo estão construindo uma instalação para ajudar alguns projetos em estágio inicial a conseguir financiamento e entrar em construção. Abençoado com recursos energéticos abundantes e lar de mais de 40 projetos de hidrogênio verde anunciados, o Chile pretende desenvolver a demanda local e se tornar um exportador global.