Raio-x: a maior geradora da Argentina e sua presença crescente

A argentina Central Puerto vem consolidando sua posição como maior geradora de energia do país. Com capacidade instalada de 7,17 GW no final de 2023, a empresa iniciou no mês passado os trabalhos de conversão para ciclo combinado da usina de turbinas a gás Brigadier López, na província de Santa Fé.

O projeto, executado pela empresa de engenharia Sacde, aumentará a capacidade da usina de 292 MW para 432 MW por volta do final de 2025. A Sacde também construiu a usina.

O capex do projeto está estimado em US$ 150 milhões, segundo teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2023 da Central Puerto.

A usina foi transferida para Central Puerto pela estatal Energía Argentina – na altura conhecida como IEASA – por US$ 326 milhões em 2019. Os componentes de conversão de ciclo combinado foram adquiridos pela Energía Argentina há cerca de seis anos.

No final de 2023, a Central Puerto detinha 5,23 GW de capacidade termelétrica, 1,44 GW hidrelétrica, 374 MW eólica e 195 MW de energia solar fotovoltaica.

CAPACIDADE NACIONAL

A capacidade instalada na Argentina aumentou 2%, registrando 43,8 GW em 2023, com ativos termelétricos representando 58%, hidrelétricos 25%, renováveis 13% e nuclear 4%.

O país teve 396 MW de energia eólica e 280 MW de energia solar fotovoltaica adicionados à rede, juntamente com uma adição líquida de 162 MW de capacidade termelétrica, já que 735 MW de nova capacidade de ciclo combinado foram parcialmente compensados pelo descomissionamento de turbinas a gás e unidades a diesel.

CAPACIDADE DO TERCONF

A Central Puerto recebeu dois projetos em sua usina Central Costanera, na província de Buenos Aires, totalizando 516 MW.

Isso fez parte do leilão regulado de fornecimento termelétrico TerCONF, liderado pela Cammesa, entidade administradora do mercado atacadista de energia. Hoje o leilão está no limbo, depois que o governo federal suspendeu a assinatura do contrato em meio a uma reestruturação planejada do mercado de energia elétrica.

No geral, foram outorgados 3,3 GW em contratos de fornecimento.

“Creio que o governo está analisando detalhadamente se precisa ou não de toda essa capacidade”, disse o CEO do Central Puerto, Fernando Bonnet, na teleconferência.

“Se você me perguntar, não vejo o governo concedendo toda essa capacidade. Na verdade, eles querem adotar um arranjo de PPAs [acordos de compra de energia] privados, tentando canalizá-los entre empresas de distribuição, usuários e geradoras para sua promoção.”

No entanto, a capacidade é necessária em algumas partes do país e pode ser concedida sob um regime diferente.

ATRASOS DE PAGAMENTO

Em meio a atrasos nos pagamentos por parte da Cammesa, a Central Puerto está usando linhas de crédito de curto prazo para cobrir despesas, explicou Bonnet.

As demais geradoras expressaram preocupação com a situação, citando o impacto no investimento e no capital de giro. O governo federal está trabalhando para reduzir os subsídios, e isso teve impacto nos fluxos de entrada para a Cammesa.

A expectativa é que os pagamentos comecem a se normalizar a partir de abril.

CONCESSÕES HIDRELÉTRICAS

As hidrelétricas atualmente operadas pelo setor privado, mas cujos contratos de concessão expiraram tecnicamente, deverão ser eventualmente transferidas para a Energía Argentina antes de um novo processo para garantir operadores.

A usina hidrelétrica Piedra del Águila, de 1,44 GW, da Central Puerto, localizada na província de Neuqúen, está entre elas.

Autoridades introduziram extensões de contrato enquanto o processo de preparação da transferência está em curso e enquanto o novo governo trabalha em revisão do mercado de eletricidade.

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