Raio-x: projetos de cobre da First Quantum no Peru

Embora sua mina de cobre e ouro no Panamá esteja paralisada, um dos focos da empresa canadense First Quantum Minerals no curto e médio prazo será o desenvolvimento de seus ativos de cobre no Peru.

A mineradora, que possui La Granja na região de Cajamarca e Haquira na região de Apurímac, está fortalecendo as relações comunitárias e realizando perfurações nos dois projetos. Até o final de 2025, a empresa planeja apresentar uma primeira atualização sobre os recursos potenciais.

A declaração foi feita pelo diretor de Desenvolvimento de Projetos da First Quantum, Steven Lewis, durante sua apresentação no XV Encontro Internacional de Mineração, realizado em Lima. Segundo o executivo, a empresa tem até o início de 2028 para apresentar o estudo de viabilidade de La Granja, avaliado em US$ 2,4 bilhões. A First Quantum adquiriu uma participação de 55% nesse projeto no início de 2023, por meio de uma parceria com a Rio Tinto.

“Existem desafios técnicos, […] o nosso programa de perfuração está nos ajudando a compreender melhor o depósito; e com uma maior compreensão poderemos desenvolver estratégias para mitigar a presença de arsênio”, comentou Lewis. “Também é importante termos capacidade de produzir um concentrado de cobre vendável, por isso, nos próximos anos, teremos muito trabalho pela frente em La Granja.”

As expectativas para os ativos peruanos são altas. De acordo com o executivo, desde a aquisição da participação da La Granja, o quadro de funcionários envolvidos no desenvolvimento dos projetos da empresa já chega a cerca de 100 pessoas; e a região será “um foco fundamental para o crescimento”.

LA GRANJA

Este é um dos grandes projetos de cobre a serem desenvolvidos na América Latina. Segundo Lewis, foram identificadas 20 milhões de toneladas de cobre contido e terá capacidade para processar 70 mil t/d (toneladas por dia).

Embora o depósito tenha muito potencial, a localização e o acesso são desafios que impactam a velocidade do desenvolvimento do projeto.

“Se a construção de La Granja fosse fácil, alguém já teria feito. Os aspectos mais desafiadores são a topografia e o clima: é um terreno muito acidentado, com muita chuva, o que resulta em espaço limitado para desenvolver infraestrutura”, acrescentou o executivo. “As fortes chuvas implicam o desenvolvimento de um bom sistema de gestão da água, por isso La Granja exigirá investimentos logísticos significativos. Atualmente, o acesso à futura mina é feito por uma estrada de 220 km que demora cerca de oito horas.”

Segundo o Ministério de Energia e Minas (Minem), La Granja terá vida útil de 40 anos e poderá produzir até 500 mil toneladas de cobre por ano.

HAQUIRA

Haquira é outro projeto de cobre com capex estimado em US$ 1,86 bilhão. Segundo a empresa, a iniciativa visa estreitar as relações com a comunidade, considerando a grande expectativa de sucesso do projeto.

“Diria que as relações comunitárias em Haquira têm sido historicamente desafiadoras. Uma das razões é que o projeto está localizado ao lado de uma das maiores minas de cobre do Peru [Las Bambas], o que significa que as comunidades locais têm expectativas difíceis de serem atendidas por um projeto de exploração”, disse Lewis. “Passamos por um período de trabalho e diálogo muito paciente com nossa equipe comunitária, o que nos permitiu avançar.”

O foco no curto prazo continuará a ser o fortalecimento da relação com as comunidades – a mineradora tem vários acordos firmados – e a obtenção de novas informações sobre a jazida por meio de perfurações exploratórias em andamento. Segundo o Minem, a empresa apresentou em novembro uma terceira modificação do estudo de impacto ambiental detalhado, que está em avaliação.