‘Reforma da mineração prejudica o potencial do México na transição energética’, diz representante de mineração da CanCham

A reforma aprovada pelo Congresso Mexicano da legislação de mineração do país mina o potencial do país no contexto da transição energética global, segundo o presidente da força-tarefa de mineração da Câmara Canadense de Comércio no México (CanCham).

A nova legislação, enviada ao poder executivo e aguardando publicação no Diário Oficial, reduz o prazo máximo das concessões mineiras para 80 anos, face aos anteriores 100 anos, e confere ainda ao Estado poderes exclusivos para a realização da exploração mineira.

“É lamentável que um país com potencial para se tornar um líder mundial em minerais estratégicos tenha optado pelo dirigismo econômico, especialmente na hora errada e pelas razões erradas”, disse Armando Ortega (foto) à BNamericas.

“A reforma da mineração prejudica a capacidade do México de competir no cenário mundial e terá consequências negativas para seu crescimento a longo prazo”, acrescentou.

O ex-presidente da CanCham disse que, considerando o panorama, o México está perdendo uma oportunidade extraordinária de se tornar um fornecedor de minerais estratégicos para a transição energética global, tema de suma importância para seus parceiros no Acordo EUA-México-Canadá (USMCA).

Na seção sobre competitividade do roadmap da Cúpula dos Líderes Norte-Americanos de janeiro, ou Cúpula dos Três Amigos, os três países disseram que “entendem que os minerais críticos são cruciais para um futuro sustentável na região”.

Portanto, eles concordaram “sobre a importância de aproveitar ao máximo o potencial das cadeias de suprimentos de minerais e semicondutores críticos, adaptando as políticas governamentais para aumentar o investimento, o mapeamento dos recursos minerais críticos e a capacitação”.

O México, o maior produtor mundial de prata, é um grande produtor de cobre e também possui grandes reservas do estratégico metal branco lítio com o qual são fabricadas as baterias de veículos elétricos.

“Este país tem toda a vocação, tem disponibilidade de minerais, players nacionais e capital estrangeiro prontos para lançar estes projetos”, sublinhou Ortega.

Ele também observou que a ministra canadense de Comércio Exterior, Mary Ng, e a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, divulgaram esta semana uma declaração conjunta destacando a importância de trabalhar com o México para fortalecer a competitividade na América do Norte.

Ambos os funcionários discutiram a continuidade do trabalho conjunto para enfrentar os desafios compartilhados em relação às reformas nos setores de energia e mineração do México e evitar a adoção de medidas que prejudiquem a prosperidade mútua.

“Esse é o problema” com a reforma da mineração, concluiu o representante de mineração da CanCham, Ortega.

Tai e Ng também discutiram a importância de manter o comércio baseado em regras, apoiado pela implementação do USMCA e um forte sistema multilateral de comércio sustentado pela OMC.