Reforma regulatória pesará sobre a mineração no México, diz Moody’s

As regulamentações sobre água e mineração a céu aberto pesarão sobre a mineração do México, aumentando seu risco operacional e desencorajando investimentos, disse a Moody's em um relatório.

Esta iniciativa de reforma ambiental foi apresentada em fevereiro pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, também conhecido como AMLO, como parte de um pacote de 20 propostas. Ela busca modificar a redação do artigo 27 da constituição mexicana.

Um dos objetivos é proibir a concessão de novas concessões para mineração a céu aberto.

Atualmente, o Congresso debate o projeto de lei AMLO para proibir a mineração a céu aberto – o qual, segundo a Câmara Mineradora do México (Camimex), ameaça 60% do valor da produção mineradora e metalúrgica do país.

Em meados de agosto, a comissão constitucional da Câmara dos Deputados aprovou a proposta do executivo, proibindo a mineração a céu aberto. No entanto, não houve debate da iniciativa em sessões completas, o que sugere que ela pode não prosperar, pelo menos em sua forma atual.

FRESNILLO

“O ambiente regulatório do México apresenta riscos para a Fresnillo ('Baa2' negativo), cujas operações estão concentradas lá [no país] e cujos custos operacionais mais altos em comparação aos pares globais diluem seus benefícios dos altos preços do ouro e da prata”, publicou a Moody's.

A agência de classificação acrescentou que os 1,6 milhões de hectares de concessão da Fresnillo no México aliviam seus riscos de curto prazo, mas nenhum de seus projetos atuais provavelmente contribuirá para a produção antes de 2030. “Ainda assim, seu fluxo de caixa livre se tornará positivo com os gastos de capital diminuindo substancialmente entre 2024 e 25 em relação aos níveis de 2022”, acrescentou.

A Moody's também observou que, como a Southern Copper Corporation ('Baa1' estável) obtém cerca de 60% de suas receitas e Ebitda no México por meio de concessões de longo prazo, a incerteza regulatória representa riscos comerciais futuros.

REFORMA JUDICIAL

Em geral, a Moody's destacou que as empresas mexicanas e firmas de infraestrutura enfrentam risco de crédito moderado entre 2024 e 2025, principalmente por conta de uma nova reforma proposta para o sistema judicial mexicano.

“Essa mudança abrupta no judiciário e na regulamentação do país coloca a confiança empresarial em risco, incluindo o investimento estrangeiro no México, e cria gargalos que prejudicam seu potencial de nearshoring”, acrescenta o relatório.

Segundo a agência, à medida que os investidores se tornam mais cautelosos em relação ao México, as empresas reterão mais do dinheiro gerado, pois hesitarão em comprometer-se com novos investimentos de capital. Isso permitirá que reduzam sua alavancagem até 2025, mas o crescimento de longo prazo permanecerá limitado.

“A economia do México perderá parte de sua vitalidade, crescendo apenas 1,5% em 2024 e 1,3% em 2025, após um aumento superior ao esperado de 3,2% em 2023”, conclui a Moody's.