Resultados expressivos da Vale podem trazer implicações políticas

Os lucros da Vale mais que triplicaram no segundo trimestre, aumentando as chances de pressão política sobre a empresa.

A mineradora registrou um lucro líquido de US$ 2,77 bilhões, superando os US$ 892 milhões do ano anterior. A receita líquida aumentou 3%, para US$ 9,92 bilhões.

Os lucros foram potencializados pelo ganho único com a venda de uma participação na Vale Base Metals (VBM) – sua divisão de cobre e níquel – para a Manara Minerals, além da venda de sua operação PTVI na Indonésia, conforme comunicado da Vale.

Os investimentos da empresa no segundo trimestre atingiram US$ 1,33 bilhão, ante US$ 1,21 bilhão um ano antes. Do total, US$ 328 milhões foram investidos em projetos de crescimento e o restante em projetos de manutenção.

A empresa também anunciou que pagará US$ 1,6 bilhão em dividendos em setembro.

“Trimestre após trimestre, a Vale continua apresentando resultados sólidos e dividendos maiores. Isso continuará nos próximos trimestres, o que é positivo para a empresa e também explica por que o governo está pressionando tanto a Vale: porque quer ver a empresa investindo em mais projetos no país em vez de pagar tantos dividendos aos acionistas”, disse à BNamericas o consultor de mineração Pedro Galdi.

O governo federal tem participação indireta de quase 9% na mineradora por meio da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e quer ter voz ativa na escolha de um novo CEO. A empresa está em processo de seleção do novo executivo para substituir Eduardo Bartolomeo, que permanecerá no cargo até o final deste ano.

O governo também está insatisfeito com a gestão da Vale devido ao atraso da empresa em chegar a um acordo financeiro com as vítimas da barragem de rejeitos que rompeu em Mariana, Minas Gerais, em 2015. A barragem era operada pela fabricante de pelotas de minério de ferro Samarco, uma joint venture empreendimento entre Vale e BHP.

A disputa nos tribunais brasileiros e europeus poderá resultar no pagamento de mais de R$ 100 bilhões (US$ 17,7 bi) pelas mineradoras.

O CFO da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou nesta sexta-feira (26), durante teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre, que o objetivo é chegar a um acordo com as autoridades “nos próximos meses”, sem fornecer mais detalhes.