Venezuela e Estados Unidos
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Sanções dos EUA: como fica o setor petrolífero da Venezuela?

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Sanções dos EUA: como fica o setor petrolífero da Venezuela?

O setor de petróleo e gás da Venezuela não será muito impactado – pelo menos em um futuro próximo – pela decisão dos Estados Unidos de restabelecer as sanções ao país, disseram especialistas à BNamericas nesta quinta-feira (18).

Washington revogou na última quarta-feira uma licença que aliviava temporariamente as restrições contra o setor de hidrocarbonetos do país sul-americano, depois que o presidente Nicolás Maduro deixou de cumprir seus compromissos eleitorais.

O Departamento do Tesouro dos EUA ordenou que as empresas de petróleo e gás “encerrassem” suas operações no país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) dentro de 45 dias, mas informou que novas licenças poderiam ser emitidas, conforme o caso.

“Uma porta se fechou, mas diferentes janelas se abriram”, destacou à BNamericas José Chalhoub, consultor da Venergy Global e Orinoco Research, de Caracas, em uma entrevista por telefone.

“Por trás das questões legais ainda existem oportunidades que podem ser aproveitadas através das licenças especiais emitidas por Washington.”

A permissão especial para a Chevron produzir petróleo na Venezuela e exportá-lo para os Estados Unidos permanece em vigor.

A Chevron produz atualmente cerca de 170.000 b/d de petróleo no país e deve atingir 200.000 b/d até dezembro, segundo a consultoria Rystad Energy.

“A licença envolvendo a Chevron é a mais importante, porque permite que o petróleo venezuelano seja vendido nos Estados Unidos”, apontou Antero Alvarado, sócio-gerente da Gas Energy Latin America, em bate-papo com a BNamericas.

De acordo com Francisco Monaldi, especialista em política energética latino-americana da Universidade Rice, em Houston, é pouco provável que os planos de expansão da produção de petróleo da Venezuela sejam afetados pela decisão de Washington.

Ele acrescentou que a principal autorização para o desenvolvimento do upstream na Venezuela é a chamada licença geral 41, que envolve a Chevron.

“A não renovação da licença geral 44 terá um impacto mínimo no investimento, especialmente se forem concedidas licenças específicas a empresas europeias”, explicou Monaldi.

“Seu impacto limitado na produção depende da disponibilidade de diluente. Haverá um impacto nas vendas da [estatal] PDVSA, a menos que grandes compradores, como a Reliance, obtenham uma licença para comprar.”

Maduro respondeu ao anúncio com firmeza, sem mostrar sinais de que cederá às exigências da administração Biden.

“Não há sanção, não há ameaça que hoje prejudique o nosso esforço para construir um novo modelo econômico produtivo, porque não dependemos de ninguém neste mundo”, disse Maduro em um discurso televisionado.

Os EUA concordaram em suspender temporariamente algumas sanções em outubro do ano passado, depois que o regime de Maduro – denunciado como uma ditadura pela Casa Branca – concordou em adotar medidas para garantir eleições presidenciais justas e transparentes este ano.

Mas o panorama mudou no final de janeiro, quando a principal candidata da oposição, María Corina Machado, foi proibida de concorrer ao cargo pela Suprema Corte da Venezuela.

“Estamos preocupados que Maduro e seus representantes tenham impedido a oposição democrática de registar o candidato de sua escolha, perseguido e intimidado adversários políticos e detido injustamente diversos atores políticos e membros da sociedade civil”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller.

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