São Paulo bate novo recorde como maior centro de tráfego de dados do mundo

A região metropolitana de São Paulo atingiu um pico de volume de troca de tráfego de internet de 22 Tbps em junho, um aumento de 22% em relação ao ano anterior e um novo recorde para o que é considerado o maior centro de troca de tráfego de dados do mundo, de acordo com o Brasil Internet Exchange (IX.br).

O IX.br é uma iniciativa do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), apoiado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). É responsável por implantar e promover a infraestrutura de interconexão metropolitana direta entre as redes que compõem a internet no país.

Essas estruturas – pontos de troca de internet (IXes ou IXPs) – no Brasil tiveram picos sucessivos nos últimos anos, segundo o IX.br, subindo 25% para 31 Tbps na troca de tráfego agregado em junho, nas 36 localidades onde está presente.

Os 36 pontos vinculados ao IX.br estão distribuídos nas regiões metropolitanas das cinco regiões do país.

Os IXPs são pontos neutros nos quais várias organizações se interconectam para trocar pacotes de dados da Internet entre si. Eles são instalados em datacenters e possuem equipamentos que permitem a conexão simultânea de centenas de organizações, como empresas de streaming de vídeo, buscadores, redes sociais, bancos, universidades e órgãos governamentais, entre outros.

Além de São Paulo, os IXPs de Fortaleza e do Rio de Janeiro atingiram a marca de 4Tbps, colocando-os na lista dos 10 maiores do mundo em pico de tráfego, segundo o IX.br.

Fortaleza já está à frente do Rio como o segundo maior ponto de interconexão de dados do Brasil.

“Um dos fatores que contribuíram para esse crescimento foi, entre outros, o maior investimento das empresas de streaming de vídeo, principalmente no caso das transmissões de futebol. Há cada vez mais transmissão ao vivo de jogos no país pela internet, o que aumenta o número de acessos”, disse o gerente de infraestrutura do IX.br, Júlio Sirota, em nota.

DESCENTRALIZAÇÃO

Apesar do IXP de São Paulo ter atingido o pico de tráfego de 22 Tbps, a dependência do país para buscar conteúdo está diminuindo.

São Paulo concentrava 80% dos provedores de conteúdo, mas agora esse número caiu para 67%, o que sustenta o processo contínuo de descentralização de dados, com provedores de conteúdo se conectando a outros IXPs e empresas levando datacenters e pontos de presença para outras partes do país.

O IX.br se prepara para ativar IXPs em duas novas localidades: Feira de Santana, na Bahia, e Caruaru, em Pernambuco. A última foi inaugurada em Rio Branco, capital do estado do Acre, em abril.

O IX.br também disse que está trabalhando para expandir e ativar novos pontos de interligação de rede em Belo Horizonte, Porto Alegre e no Distrito Federal de Brasília.

Apesar das declarações do IX.br, medir os maiores centros de troca de dados do mundo pode ser difícil. Não há muita informação disponível sobre pontos de troca na China, por exemplo, ou mesmo nos EUA.

No entanto, a maioria das análises e dados atualmente disponíveis parecem apontar para o conjunto de IXPs do Brasil como o maior do mundo em número de membros conectados e volume de tráfego.

O IX.br do Brasil é geralmente seguido pelo DE-CIX na Europa, com concentração particular no IXP de Frankfurt, e depois pelo AMS-IX em Amsterdã.