Seca deve provocar recessão na Argentina

A Argentina deve entrar em recessão este ano devido a uma seca recorde que está afetando as exportações agrícolas, o que provavelmente causará mais impedimentos ao crescimento, como restrições às importações e menor consumo doméstico, de acordo com um grupo de especialistas.

“As medidas anticíclicas empregadas não serão capazes de evitar uma recessão em 2023, somente administrar seu impacto”, afirmou o think tank de política econômica e social CESO em um relatório.

A seca pode reduzir em dois pontos percentuais o crescimento do PIB este ano e ampliar outros possíveis problemas, como a austeridade, já que o governo está negociando a reestruturação da dívida com o FMI. A manutenção do déficit fiscal e de 1,9% do PIB, conforme acordado com o FMI, intensificará os impactos negativos da seca, segundo o relatório.

Como as exportações agrícolas são uma importante fonte de divisas, o CESO espera que haja mais restrições às importações, o que levará à repressão do consumo interno.

“Neste cenário, afirmamos que as condições materiais para sustentar o crescimento verificado nos anos anteriores e para recuperar o rendimento real, duramente atingido nos últimos anos, estão ficando apertadas”, disse o documento.

Um relatório recente da Universidade de Buenos Aires também descobriu que a Argentina pode perder 1,8% do crescimento do PIB este ano devido apenas à queda nas exportações de soja. A perda seria maior do que durante as secas anteriores de 2008-2009 e 2018-2019.

Esteban Thomasz, que lidera o programa de avaliação de vulnerabilidade socioeconômica às mudanças climáticas da universidade, explicou à BNamericas que não foram realizados estudos sobre o impacto da seca no setor agrícola, mas em 2021 a agricultura representou 8,4% do PIB, segundo a fundação de desenvolvimento agrícola FADA.

“É um setor extremamente complexo de analisar”, apontou Thomasz, acrescentando que ele também deve se preparar para as perdas decorrentes da seca.