Segundo turno presidencial na Guatemala terá mais interferência judicial

O segundo turno presidencial da Guatemala, marcado para 20 de agosto, provavelmente será afetado por ainda mais interferência judicial, apesar de ter recebido críticas de países como os Estados Unidos e instituições como a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Segundo o analista político guatemalteco Eduardo Núñez, os esforços evidentes das autoridades eleitorais para impedir que o candidato do partido Semilla, Bernardo Arévalo, participe da disputa contra Sandra Torres, representante do partido UNE, desencadearam uma crise que continuará até a votação.

“Acredito que o segundo turno será realizado, mas em um ambiente de constante interferência judicial. Estamos em uma crise crônica em que teremos diversos ataques à Justiça Eleitoral e a um dos partidos”, disse ele à BNamericas.

A crise, desencadeada pela desqualificação, que muitos consideram ter motivação política, de vários candidatos vistos como uma ameaça ao status quo político antes do primeiro turno das eleições, também gerou atritos nas relações da Guatemala com outros países e organismos internacionais.

“Isso criou tensão. Agora existe uma posição internacional coesa dos EUA, da União Europeia, da OEA, da ONU e de outros países latino-americanos”, comentou Núñez.

Na última quinta-feira (27), o secretário de Estado adjunto para assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian A. Nichols, disse em sua conta no Twitter que conversou com os dois candidatos ao segundo turno para reiterar o apoio dos Estados Unidos ao direito dos guatemaltecos de escolher seus líderes de maneira livre e justa. “Continuaremos trabalhando com o setor privado da Guatemala, a sociedade civil, os parceiros internacionais e a OEA em apoio ao processo eleitoral.”

Esta semana, a presidente do tribunal eleitoral da Guatemala (TSE), Elizabeth Palencia Orellana, afirmou ao conselho da Organização dos Estados Americanos que a “judicialização” do voto pode afetar o processo eleitoral e as instituições envolvidas.

O secretário-geral da OEA anunciou na quarta-feira que viajará à Guatemala nos próximos dias para supervisionar a eleição a convite do atual presidente, Alejandro Giammattei.

Após a votação de 25 de junho, na qual Torres e Arévalo obtiveram 15,9% e 11,8% dos votos registrados, respectivamente, o Ministério Público guatemalteco iniciou uma investigação contra o partido Semilla por supostas irregularidades, incluindo a possível falsificação de assinaturas de apoiadores, necessárias para a participação.

Os promotores também ocuparam a sede do partido e, segundo declarações de Arévalo, estão se preparando para prender vários integrantes da legenda.

Um dos fundadores do Semilla, Alberto Fuentes Knight, anunciou na quinta-feira que havia deixado o país em exílio voluntário após sofrer o que chamou de “perseguição” por parte dos promotores.

A União Europeia anunciou na sexta-feira que 40 observadores eleitorais foram selecionados (foto) para supervisionar as campanhas eleitorais e a votação em agosto.

Fonte da foto: AFP