Setor brasileiro de mineração busca diversificar mecanismos de financiamento

O setor brasileiro de mineração está em busca de novos mecanismos de financiamento no mercado local.

Atualmente, a maior parte do financiamento obtido pelas grandes empresas provém do seu próprio fluxo de caixa ou de títulos estrangeiros, enquanto as médias e pequenas empresas tendem a buscar investidores internacionais, cotando as suas ações em mercados como o Canadá e a Austrália.

Agora as mineradoras no Brasil querem mudar um pouco esse perfil.

“Dos R$ 2,1 trilhões [US$ 420 bi] que o setor financeiro nacional tem em crédito disponível no país, apenas 18 bilhões são para crédito direcionado à mineração. O setor de mineração é um dos três maiores setores econômicos do país, mas apenas uma fração do crédito é direcionado para esse setor”, disse à BNamericas Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), durante uma apresentação dos números do terceiro trimestre.

“Se considerarmos o mercado acionário, existem apenas quatro empresas do setor de mineração listadas na bolsa de valores do Brasil, enquanto na bolsa do Canadá existem 42 empresas listadas lá, que operam quase exclusivamente com projetos no Brasil. Precisamos reforçar o mercado local”, acrescentou.

O Ibram está trabalhando ativamente para mudar tal cenário.

A entidade está em negociações com o BNDES sobre linhas de financiamento especialmente para projetos de mineração ligados à transição energética.

Segundo Jungmann, a expectativa é que o BNDES anuncie os detalhes das linhas até o final do ano.

"A mineração é fundamental para uma economia de baixo carbono. Sem ela não há eletrificação, não há carros elétricos, não há turbinas eólicas para produção de energia eólica. O Brasil tem possibilidades imensas, com lítio, com nióbio, com tântalo", acrescentou.

Além disso, o Ibram mantém negociações com a Financiadora de Projetos de Inovação (Finep) – braço do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – para criar mecanismos de financiamento para o segmento.

Parceria Ibram-Reino Unido

O Ibram anunciou uma parceria com o governo do Reino Unido para um projeto que visa estabelecer metas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na indústria mineira.

O objetivo do projeto é descarbonizar as atividades industriais com ênfase na transição para fontes de energia renováveis, segundo comunicado da entidade.

Onze empresas de mineração e metalurgia aderiram ao projeto. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ibram, o governo do Reino Unido e o polo de mineração – um espaço de inovação para o setor.

“Este projeto e mais o 3º Inventário de Gases e Efeito Estufa, em elaboração pelo Ibram desde agosto, servirão de base para o Instituto estruturar, a partir de 2024, um roadmap do carbono na mineração, o que irá permitir estipular metas setoriais de redução de emissões. É uma resposta que a Mineração do Brasil dará ao país sobre o controle e a mitigação de suas emissões. A direção do Ibram acredita que o roadmap irá influenciar na tramitação dos processos de licenciamento ambiental, favoravelmente às mineradoras que se engajarem na agenda setorial do clima, conduzido pelo Instituto”, afirmou no comunicado.