Setor de construção da Bolívia pede ajuda do governo para enfrentar crise cambial

As empresas de construção da Bolívia pediram ajuda do governo porque estão enfrentando dificuldades no acesso a divisas e com o aumento dos custos dos materiais.

O governo e representantes do setor privado assinaram, nos últimos dias, um acordo que define 10 medidas para impulsionar os investimentos e as exportações em um contexto de escassez de dólares que vem desde o ano passado.

O plano inclui reduzir a burocracia para as exportações, aumentar o investimento na produção de grãos, facilitar a importação de diesel e permitir a circulação de caminhões maiores nas estradas.

No entanto, o setor de construção não receberá nenhuma ajuda específica como parte do acordo e enfrenta outras dificuldades, segundo o presidente da câmara de construção do departamento de Santa Cruz (Cadecocruz), Javier Arze, já que importa muitos insumos.

A produção de minério de ferro da Bolívia, por exemplo, não cobrirá nem 5% do consumo, disse ele ao veículo Unitel, acrescentando que os preços de alguns insumos subiram até 30%.

“É a tempestade perfeita. Não há possibilidade de importar, não há projetos em licitação e o setor público tem uma grande dívida com empresas privadas”, afirmou ele, acrescentando que só a administração da capital do departamento de Santa Cruz deve 280 milhões de bolivianos (US$ 40,5 milhões) a empreiteiras.

Dados sobre o departamento de Santa Cruz e o país como um todo ainda estavam sendo coletados.

Arze alertou que os contratos de obras públicas da Bolívia, que representam 80% da atividade de construção do país, carecem de um mecanismo de compensação ou reajuste de custos com o qual o setor público assumiria a diferença nas variações dos preços de fornecimento, algo que é aplicado em países como o Chile.

Questionada pela BNamericas sobre quais projetos de Santa Cruz enfrentam dificuldades com questões cambiais, a Cadecocruz listou as seguintes iniciativas:

Viaduto Virgen de Cotoca-Cuarto Anillo (121 milhões de bolivianos). Foi concedido em maio a um veículo especial composto por Gómez Hurtado Jorge Fernando e Suzanabar, segundo documentos.

As obras começaram em julho e, em dezembro, o projeto estava 40% concluído, segundo a prefeitura de Santa Cruz.

O contrato prevê dois viadutos de 500 m no cruzamento entre as avenidas Cuarto Anillo e Virgen de Cotoca.

Viaduto do Plan 3000 (42,8 milhões de bolivianos). Concedido em maio de 2022 à Asociación Accidental Plan 3000, o trabalho foi iniciado em agosto do mesmo ano; em dezembro de 2023, as obras estavam 65% concluída, segundo a prefeitura de Santa Cruz.

O projeto prevê um viaduto de quatro pistas com 530 m de extensão no oitavo distrito municipal (denominado Plan 3000).

Escoadouro de águas residuais Octavo Anillo (150 milhões de bolivianos). Concedido à Asociación Accidental Trapiche em 2022, as obras do projeto começaram em fevereiro de 2023 e fazem parte de um programa de resiliência urbana de US$ 70 milhões financiado pelo Banco Mundial.

O projeto envolve um sistema de escoamento de águas residuais de 6,44 km no 10º distrito municipal da cidade para evitar inundações nos bairros do sudoeste de Santa Cruz, bem como um canal secundário de 2,08 km, de acordo com documentos do Banco Mundial.

Em dezembro, o prefeito de Santa Cruz, Jhonny Fernández, afirmou que o projeto estava avançando dentro do cronograma.