Setor de construção mexicano sofrerá impacto no próximo ano

A incerteza política e a consolidação fiscal devem impactar significativamente duramente o setor de construção do México no próximo ano. 

Após registrar crescimento de 6,5% em 2024, o PIB da construção civil sofrerá uma contração de 7%, de acordo com uma nota do banco Citibanamex. Esse cenário indicaria a primeira retração do setor desde a queda de 17,7% em 2020 causada pela paralisação em decorrência da COVID-19.

O investimento no setor pode cair 6,7% em 2025, após um crescimento de 8% neste ano, segundo a nota. 

As razões para a previsão pessimista são uma redução de 14% nos investimentos em projetos físicos, incluindo infraestrutura, anunciada pelo Ministério da Fazenda para reduzir o déficit fiscal de 6%, e o fato de que os principais projetos de infraestrutura da administração anterior estão quase concluídos.

No entanto, o impacto pode ser amenizado, entre outros fatores, por meio da participação público-privada para criar mais projetos, do fortalecimento das relações com o próximo governo dos EUA, da exploração do nearshoring e do impulso ao setor habitacional.

No entanto, os efeitos negativos da perda de confiança das empresas no país ainda serão sentidos.

 “O ambiente de incerteza persistirá devido às ameaças de imposição de tarifas e outras políticas adversas para o México por parte do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Isso fará com que as empresas tomem decisões mais cautelosas em relação aos investimentos”, disse a nota.

Na semana passada, a diretora de estudos econômicos do grupo financeiro Monex, Janneth Quiroz, e o analista de trading do Monex, Brian Rodríguez, também disseram que a incerteza se traduzirá em escolhas mais cuidadosas por parte dos investidores.

“Diante da incerteza, os investidores vão mais devagar até saberem quais políticas serão adotadas pelo México e pelos Estados Unidos”, apontou Quiroz.

“Temos visto cada vez menos anúncios relacionados ao nearshoring, ou pausas como o caso da Tesla. Ainda não se sabe se a velocidade atrativa da tendência do nearshoring permanecerá para 2025”, acrescentou Rodríguez.