Setor de mineração brasileiro lança primeiro estudo sobre emissões de efeito estufa

O setor de mineração brasileiro publicou o primeiro mapeamento detalhado de suas emissões de gases de efeito estufa, em meio a esforços para atrair mais investidores internacionais e melhorar a percepção pública da indústria.

O setor é responsável por cerca de 0,55% das emissões de gases de efeito estufa do país, enquanto o setor industrial como um todo é responsável por 3%, de acordo com o Inventário de Emissões de GEE do Setor Mineral 2024, lançado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O estudo é baseado em dados compilados em 2022.

“A percepção de determinados investidores e, principalmente, da sociedade sempre foi muito negativa em relação ao setor de mineração, e um trabalho como esse que o Ibram está fazendo é muito importante, dando uma ideia dos reais impactos da atividade de mineração”, disse à BNamericas Wilfred Bruijn, consultor de mineração.

“Gradualmente, a percepção geral da sociedade tende a ser menos antipática em relação à mineração”, acrescentou Bruijn, que foi CEO da Anglo American no Brasil e também presidente do Ibram até o final de 2023.

“Não estamos satisfeitos com esse resultado. Nosso objetivo é chegar a 2030 ou 2040 a meta de zero carbono. É o que temos a perseguir”, de acordo com Raul Jungmann, atual diretor-presidente do Ibram, em um comunicado.

Segundo o estudo, a indústria de mineração é um dos setores empresariais com menores emissões de gases de efeito estufa no Brasil, com 12,8 Mt de CO₂e (milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente).

O uso de combustíveis fósseis, em especial o óleo diesel, é responsável por 59% das emissões, seguido pelas atividades de mudança do uso do solo, com 14%. Nos últimos anos, o setor de mineração brasileiro tem investido mais na ampliação da eletrificação de suas operações, principalmente na substituição de veículos a diesel por elétricos.

A redução das emissões de gases de efeito estufa está ocorrendo em meio aos esforços das grandes empresas de mineração no Brasil para demonstrar avanços aos investidores que priorizam os aspectos ESG.

A indústria de mineração e o governo também estão intensificando suas iniciativas para atrair investidores interessados no desenvolvimento de minerais críticos do país, diante da crescente demanda durante a transição para fontes de energia mais sustentáveis.

O estudo do Ibram, que compilou números de 42 empresas, pode ser visto aqui.