Setor de mineração do Brasil deve encerrar 2022 com queda de 30% a 40% nas receitas

O setor de mineração brasileiro parece terminar este ano com receitas inferiores às vistas em 2021, devido principalmente ao fraco desempenho da economia chinesa.

“Embora estejamos vendo uma melhora no desempenho do setor no segundo semestre deste ano em relação ao primeiro semestre, a receita para o ano de 2022 cairá entre 30% e 40% em relação ao ano passado”, afirmou Julio Cesar Nery Ferreira, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Ibram, em coletiva de imprensa para apresentar os números do setor para o terceiro trimestre.

Em 2021, o setor de mineração brasileiro registrou receita de R$ 339 bilhões (US$ 65,2 bi), um aumento de 62% em relação a 2020. O setor registrou receita total de R$ 75,8 bilhões no terceiro trimestre de 2022, um aumento de 33% em relação ao segundo trimestre, mas com queda de 30% na comparação anual, segundo o Ibram.

“Ainda não temos uma previsão clara para o próximo ano, mas o governo da China, onde estão nossos principais clientes, deu sinais de que irá continuar com sua política de zero Covid, a qual tem impacto na economia de lá  e também prejudica o desempenho do setor [de mineração]”, acrescentou Ferreira.

As receitas no segmento de minério de ferro totalizaram R$ 48,2 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 43% em relação ao ano anterior, enquanto as receitas de ouro foram de R$ 6,2 bilhões, uma queda de 4%. A mineração de cobre gerou receita de R$ 4 bilhões, o que representou uma queda de 13% no período. A maior parte do minério de ferro produzido no Brasil é exportado para a China.

CAPEX

Apesar do cenário incerto com relação à China, o Ibram manteve suas projeções para os planos de capex das mineradoras para o período entre 2022 e 2026.

“Temos contato constante com mineradoras e até o momento não vemos empresas anunciando qualquer adiamento de investimentos”, disse Ferreira.

As mineradoras no Brasil planejam investir um total de US$ 40,4 bilhões em suas operações entre 2022 e 2026, segundo o Ibram. Desse total planejado, investimentos de US$ 18,8 bilhões já estão em andamento, enquanto outros US$ 21,7 bilhões ainda estão programados.

Espera-se que investimentos totais de US$ 13,6 bilhões sejam feitos em minério de ferro, o principal produto de mineração do país, até 2026, enquanto US$ 5,75 bilhões serão gastos na produção de fertilizantes, US$ 5,57 bilhões em bauxita, US$ 2,92 bilhões em ouro e US$ 1,26 bilhão em cobre, concluiu a entidade.