Setor de mineração do México espera avanços na segurança com novo governo

O setor de mineração do México, afetado pelos altos índices de criminalidade, aguarda melhorias na segurança com a posse do novo governo de Claudia Sheinbaum, marcada para o dia 1º de outubro.  Isso se deve à nomeação de Omar García Harfuch como secretário de Segurança e Proteção Civil.

García Harfuch é policial de carreira e foi secretário de Segurança da Cidade do México entre 2019 e 2023, quando Sheinbaum era governadora. Ele também é formado em Direito e Segurança Pública com especializações em segurança pela Universidade de Harvard, pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) e pela Drug Enforcement Administration (DEA) dos Estados Unidos.

“Tenho confiança, embora não total, de que a nova presidente, dra. Claudia [Sheinbaum], possa de alguma forma melhorar o sistema de segurança. Confio principalmente porque García Harfuch com sua experiência, traz uma abordagem totalmente diferente para a segurança. É um profissional altamente qualificado”, disse Javier Robles, country manager do Grupo Multisistemas de Seguridad Industrial, durante uma apresentação no Mexico Mining Forum 2024.

“Resolver a insegurança não tem sido uma questão simples”, apontou o especialista em segurança da indústria de mineração e lamentou que até as empresas tenham sido obrigadas a pagar ao crime organizado por extorsão, aumentando seus orçamentos de segurança em 5% a 10%.

Robles destacou que as associações mineradoras comunicaram este problema às autoridades e até se reuniram com a atual secretária de Segurança, Rosa Icela Rodríguez.

"Se você me perguntar se houve reações, não há nenhuma. Eles não agem. Então, mais uma vez continuamos abandonados na questão da insegurança", desabafou.

Robles destacou que os cartéis Jalisco Nueva Generación e Noroeste são os principais responsáveis por crimes contra as mineradoras, acrescentando que a insegurança afetou as regiões mineradoras mais importantes do país, incluindo estados como Sonora, Chihuahua, Zacatecas, Guerrero e estado do México.

Em relação à segurança das mineradoras, Robles recomendou a contratação de profissionais especializados, evitando negociar diretamente com grupos criminosos e fazendo denúncias às autoridades competentes.

“Parte do setor minerador, obviamente, faz algum tipo de negociação para garantir que possam trabalhar, seja com fornecedores ou funcionários. Eu não recomendo isso. O ideal é denunciar o que está sendo exigido e quem está fazendo a exigência”, observou Robles.  

“Às vezes, não fazemos denúncias porque achamos que é perda de tempo, mas quanto mais denúncias há, maior a probabilidade de as autoridades reagirem, pois já existe evidência, podem haver retratos falados, e há vários meios de controle”, reforçou. 

Ele também mencionou que agora não é necessário expor-se pessoalmente para fazer denúncias, pois é possível realizá-las virtualmente. 

Se uma mineradora contrata uma empresa para serviços de segurança, Robles aconselha a verificar, em primeiro lugar, se a empresa cumpre com as normas exigidas pela Direção Geral de Segurança Privada, se está registrada no Cadastro de Prestadores de Serviços Especializados (Repse) e se possui todas as permissões estaduais e federais para operar.

Em segundo lugar, recomenda realizar uma avaliação de riscos que permita identificar as probabilidades de certas ameaças se concretizarem e causarem consequências econômicas ou até mesmo de vida, para tomar as medidas adequadas.

“Portanto, deve-se elaborar uma lista de riscos e procedimentos que chamamos de diretrizes, que é o regulamento que o cliente fornece à empresa para garantir a segurança. No procedimento de diretrizes não deve haver exceções”, afirmou Robles.