Sheinbaum adia publicação de plano de energia do México até o final do ano

A presidente mexicana Claudia Sheinbaum adiou a publicação do tão aguardado plano energético do país até o final do ano.

O atraso ocorre enquanto o Congresso mexicano debate as controversas reformas energéticas projetadas para fortalecer as estatais de energia e limitar o papel do capital privado no setor.

Em seu discurso de posse em 1º de outubro, Sheinbaum disse que apresentaria o plano “em alguns dias”.

Espera-se que o plano defina como empresas privadas poderão investir no setor energético local.

Sheinbaum prometeu aumentar a participação de energia renovável na geração total de eletricidade para 45% até 2030, ante cerca de 13% atualmente. Segundo analistas, para atingir tal objetivo, ela precisará do apoio do setor privado.

As reformas em andamento no setor de energia, que fortalecerão as empresas estatais e acabarão com a independência dos reguladores, tornarão mais difícil para o México atrair o capital privado de que necessita.

Na terça-feira (15), Sheinbaum reiterou sua promessa de reservar 54% da geração de energia para a concessionária estatal CFE, com os 46% restantes disponíveis para empresas privadas.

Os modelos sob os quais empresas privadas podem investir no setor de energia serão definidos em legislação secundária, explicou a presidente.

“Queremos empresas públicas fortes […] e, ao mesmo tempo, espaço para investimentos privados em certas áreas”, disse ela.

INVESTIMENTO ESTAGNA

Sheinbaum falou durante a conclusão de uma conferência com líderes empresariais mexicanos e norte-americanos. A conferência foi criada para tranquilizar os investidores sobre o impacto de uma série de reformas constitucionais de longo alcance, incluindo a introdução de eleições para juízes.

Empresas estrangeiras de energia têm relutado em investir no México nos últimos anos devido aos altos níveis de incerteza jurídica.

Sheinbaum declarou na terça-feira (15) que empresas estrangeiras anunciaram cerca de US$ 20 bilhões em investimentos no México em 2025.

Esse total inclui projetos de energia anunciados anteriormente, como a planta de gás natural liquefeito (GNL) da Saguaro Energía, para a qual a construtora Mexico Pacific ainda não tomou uma decisão final de investimento. Também inclui o desenvolvimento do campo de petróleo em águas profundas de Trion, que recebeu sinal verde da petroleira australiana Woodside em junho de 2023. A empresa está em parceria com a estatal mexicana Pemex no projeto.

GTs

A Secretaria da Economia criará grupos de trabalho para explicar aos investidores as recentes reformas constitucionais. Um desses grupos de trabalho abordará as reformas do mercado de eletricidade, explicou Sheinbaum.

“Nenhuma dessas reformas representa um problema para o investimento no México”, afirmou.

Seu governo também criará uma agência de transformação digital para acelerar a autorização para investimentos no México. As empresas de energia renovável no país reclamam constantemente sobre o tempo que leva obter as autorizações necessárias.