Tribunal chileno suspende obras em datacenter do Google devido a preocupações ambientais

Um tribunal ambiental chileno ordenou a suspensão da construção de um datacenter do Google no Chile para sejam feitas alterações no projeto, visando adaptá-lo às mudanças climáticas.

A decisão anula parcialmente a aprovação do projeto do datacenter Cerrillos pelo Serviço de Avaliação Ambiental do Chile (SEA), publicada há cerca de três anos.

O tribunal concluiu que o SEA realizou uma avaliação deficiente dos impactos da iniciativa no aquífero central de Santiago.

O Google apresentou pela primeira vez seu pedido de licença para o projeto Cerrillos em julho de 2019. A SEA autorizou em fevereiro de 2020, conforme os documentos do banco de dados do regulador.

Em 2021, o município de Cerrillos apresentou ação ao tribunal ambiental de Santiago contra a aprovação, citando impactos no aquífero. O consumo proposto pelo projeto foi de 169 l/s (litros por segundo) de água.

Um grupo de moradores de Cerrillos também apoiou a ação.

Em fevereiro de 2022, o Google fez alterações ao projeto em termos de utilização de água para resfriar suas instalações, envolvendo a substituição das torres de resfriamento à base de água por refrigeradores de condensação de ar, o que significaria que a água dos três poços que exploram o aquífero não seria consumida.

Durante o curso do processo, o município acabou desistindo da ação judicial, assim como 13 dos outros demandantes, segundo a mídia chilena. A ação prosseguiu por iniciativa de apenas um morador.

Agora, a segunda vara ambiental acolheu parcialmente a petição apresentada.

O tribunal concluiu que o SEA realizou uma avaliação deficiente dos impactos da iniciativa no aquífero, apesar das alterações feitas pelo Google, e exigiu novas alterações no projeto.

O PROJETO

Orçado em US$ 200 milhões, todo o projeto compreendeu duas instalações numa área de 23 hectares.

A Fase 1 consistiu no datacenter DC-01, juntamente com uma subestação de energia e um prédio administrativo necessário ao seu funcionamento.

Após a conclusão das obras de construção e o início das operações do DC-01, o Google e seus empreiteiros iniciariam então a construção da fase 2, ou DC-02.

Após a conclusão da construção da Fase 2, o DC-01 e o DC-02 operariam em uníssono.

Em termos gerais, as principais instalações do projeto são constituídas por dois edifícios de datacenters (DC-01 e DC-02), armazéns, uma subestação elétrica com linha de transmissão de circuito duplo (2x110 kV), geradores de energia de emergência, “torres de refrigeração e um estação de tratamento de água se sua necessidade for definida na primeira fase de operação”, afirmou o Google no pedido protocolado junto ao SEA.

IMPACTO AMBIENTAL

Conforme relatado anteriormente pela BNamericas, o Google obteve uma taxa de eficácia de uso de energia (PUE) para seus datacenters Quilicura, no Chile, de 1,09 em 2022, em comparação com 1,12 em 2018, 1,09 em 2019, 1,08 em 2020 e 1,09 em 2021.

A PUE é calculada dividindo a potência total da instalação (que entra no local) pela potência dos equipamentos de TI (usado para operar máquinas). Quanto menor o PUE, mais eficiente em termos energéticos será o datacenter.

Em 2022, a PUE global média dos datacenters do Google foi de 1,10. A média da indústria, segundo a empresa, é de 1,55.

“Os datacenters do Google são projetados, construídos e operados para maximizar a eficiência, mesmo com o crescimento da demanda por computação. Em média, um datacenter de propriedade e operado pelo Google é 1,5 vezes mais eficiente em termos energéticos do que um datacenter empresarial típico e, em comparação com cinco anos atrás, agora fornecemos aproximadamente três vezes mais potência computacional com a mesma quantidade de energia elétrica”, informou o Google em um relatório de sustentabilidade.

Os datacenters refrigerados a água da empresa usam cerca de 10% menos energia e emitem cerca de 10% menos dióxido de carbono do que as instalações refrigeradas a ar, acrescentou o relatório. Também é explicado que a empresa tenta usar fontes não potáveis de água doce, além de alternativas.

Contudo, no Chile, os datacenters da empresa consumiram 104 milhões de galões (394 milhões de litros) de água potável em 2022.

No geral, os datacenters do Google consumiram 5,23 bilhões de galões globalmente em 2022, superando os 4,56 bilhões de galões de 2021.

URUGUAI

O Google enfrentou uma controvérsia semelhante sobre o uso da água em um projeto de datacenter no Uruguai.

Somente após alterações no projeto a empresa conseguiu avançar com sua unidade em Canelones.