Uruguai prepara terreno para títulos verdes empresariais

Os títulos verdes corporativos estão prestes a se tornar uma realidade no Uruguai, após duas emissões bem-sucedidas de títulos soberanos deste recurso.

Os investidores têm demonstrado interesse, embora haja uma disposição controversa no documento soberano que permite ao governo uruguaio pagar uma taxa de juro mais baixa se conseguir ultrapassar os seus objetivos em termos de alterações climáticas.

“Se realmente queremos recompensar emissores, países e empresas que superam seus indicadores, então devemos premiá-los, e não apenas puni-los quando não os atingem”, disse Gonzalo Bava, diretor financeiro do Banco Santander Uruguai, durante um webinar organizado pela Moody's sobre a economia do país.

O Uruguai emitiu seu segundo título verde esta semana, levantando US$ 700 milhões a uma taxa de juros de 5,75%. O documento expira em 2034.

No entanto, o desempenho do título está vinculado à redução das emissões de gases de efeito estufa do Uruguai e aos indicadores de conservação das florestas nativas.

Se o país não atingir os seus objetivos nestes dois parâmetros, os detentores receberão uma taxa de juro mais elevada, mas ela será mais baixa se o Uruguai conseguir superá-los.

Bava afirmou que os investidores mostraram resistência a esta disposição quando o país emitiu o seu primeiro título verde no ano passado, mas a unidade de gerenciamento de dívida pública — que integra o Ministério das Finanças — conseguiu esclarecer o mecanismo, permitindo ao Uruguai arrecadar US$ 1,5 bilhão desde a primeira operação.

Quando se trata de títulos verdes corporativos, José Luis Rial, gerente financeiro da Conaprole, empresa de laticínios do Uruguai, disse, no evento, que este tema está sendo estudado. Os fundos nacionais e estrangeiros foram consultados acerca do interesse em tais recursos e até o momento a recepção tem sido positiva.

“É um bom cenário para que as empresas tomem a decisão de incluir questões relacionadas ao meio ambiente”, declarou.

Os títulos verdes empresariais já foram emitidos por empresas em países como o Chile e a Colômbia.