Vero, da Vinci Partners, negocia com fundos de investimento para adicionar novo sócio

A Vero, provedora brasileira de serviços de internet, está em negociações com fundos de investimento para apoiar sua rápida expansão por meio da entrada de um novo parceiro, afirmou o CEO Fabiano Ferreira (foto) à BNamericas.

A Vero é controlada pelo grupo de investimentos Vinci Partners.

As negociações ocorreram principalmente com fundos estrangeiros, notadamente aqueles que já atuam no setor de telecomunicações do Brasil, detalhou Ferreira. Não há prazo para fechar um negócio, mas é possível que um novo investidor em ações possa ser revelado nos próximos meses, acrescentou.

A Vinci criou a Vero por meio da consolidação de oito ISPs, a maioria operando nos estados do sul do país.

Desde a sua criação em 2019, a Vero adquiriu 17 empresas, com o último negócio anunciado na semana passada, quando comprou a Renovare, ISP com sede no Rio Grande do Sul. Os termos financeiros da transação não foram divulgados e o fechamento do negócio está previsto para o início de julho, segundo Ferreira.

Em janeiro, a Vero finalizou a aquisição da mineira Giganet, transação que havia sido anunciada em novembro passado.

Ela também tem como alvo cerca de cinco ISPs para novas aquisições este ano, e com alguns deles já garantiu acordos de exclusividade nas negociações, explicou Ferreira. Estes próximos negócios representam um potencial de cerca de 200 mil novos clientes para a Vero e incluem regiões onde a empresa ainda não está presente.

A Vero hoje atua em 43 cidades de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Desde seus primeiros dias, a empresa busca uma estratégia de crescimento que consiste em uma combinação de crescimento orgânico e aquisições.

“Vamos acelerar nosso ritmo nos próximos meses, com o objetivo de chegar a mais 20 cidades”, afirmou Ferreira.

Ao final de março, a rede da Vero totalizava 25,3 mil km, sendo 7,3 mil km de backbone de fibra.

A empresa encerrou o primeiro trimestre com 2,3 milhões de residências passadas com fibra, um aumento anual de 93%, totalizando mais de 658 mil clientes.

As adições líquidas foram de 35,4 mil, para uma média de 11,8 mil novos clientes por mês – o dobro das adições no mesmo trimestre do ano passado.

A Vero é a quinta maior provedora de banda larga do país em acessos, segundo dados da Anatel. E no Rio Grande do Sul está o maior ISP, atrás apenas das três grandes teles do país – Claro, Telefônica e Oi – no segmento de banda larga fixa.

Em Santa Catarina, o maior ISP é a Unifique, enquanto em Minas Gerais a Algar Telecom lidera.

PLANOS DE IPO

Parte das recentes aquisições da Vero foi financiada por R$ 350 milhões (US$ 73,9 mi) em debêntures emitidas em novembro. No geral, a empresa está com uma boa posição de caixa, disse Ferreira.

A Vero foi registrada como companhia aberta na CVM no final de 2021, mas suas ações ainda não estão listadas na bolsa de valores. A empresa entrou com um pedido de IPO na CVM no início deste ano, mas acabou retirando-o em meio a condições desfavoráveis de mercado.

Este ano nenhuma empresa brasileira fez IPO devido ao mesmo problema. Em comparação, quase 50 empresas abriram o capital no ano passado, com mais de 20 IPOs nos primeiros três meses de 2021.

Ferreira acredita que as condições do mercado poderão se tornar mais favoráveis novamente no próximo ano.

REDES NEUTRAS

Outra estratégia que a empresa utiliza para financiar sua expansão são os contratos com redes de fibra neutra, os quais permitem que a Vero troque o capex relacionado à implantação da rede pelo custo de aluguel da rede existente de um terceiro.

A Vero foi o primeiro ISP da América Latina a apostar nesse modelo, segundo Ferreira. No ano passado, fechou contrato para algumas cidades mineiras com a V.tal, rede neutra criada pela Oi com a GlobeNet e cujos fundos são administrados pelo BTG Pactual.

Como o modelo se mostrou viável, a Vero agora trabalha em novos contratos para uso da infraestrutura da V.tal em outras cidades e regiões. A V.tal está implantando fibra a uma taxa de 400 mil casas passadas por mês. A Vero, segundo Ferreira, está se movimentando a uma taxa de 100 mil.

Além da V.tal, a Vero também está negociando com a FiBrasil, rede neutra criada pela Telefónica e pelo fundo canadense CDPQ, e com a I-Systems, parceria entre a TIM e da empresa de torres IHS.

Esses negócios serão complementares à expansão orgânica e às aquisições, sendo também focados em cidades onde há pouco incentivo econômico para operações greenfield, bem como fusões e aquisições, explicou Ferreira.

INVESTIMENTOS

A Vero registrou receita de R$ 154 milhões no primeiro trimestre – um aumento anual de 69%. Os investimentos totalizaram R$ 141 milhões no trimestre, sendo R$ 96 milhões destinados a aquisições.

No ano passado, a empresa investiu R$ 555 milhões, dos quais R$ 361 milhões foram para fusões e aquisições. O plano de investimentos para este ano é semelhante, de acordo com Ferreira.