‘Vínculo do setor de aço com o hidrogênio vai se tornar visceral’, diz executivo da ArcelorMittal

O vínculo do setor de aço com o hidrogênio vai se tornar visceral, afirmou Guilherme Abreu, gerente-geral de sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil, durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio de Janeiro.

“Uma vez que o setor de aço responde por 9% das emissões globais, a saída honrosa seria o hidrogênio, que se comporta como um grande agente redutor, combinando-se com o oxigênio”, justificou.

A redução consiste na transformação do minério de ferro em gusa líquido no alto-forno e, por fim, em aço líquido. Hoje, o principal agente redutor utilizado pela indústria é o carbono de origem fóssil.

A tendência é que, nas próximas décadas, a produção de aço seja feita de forma bem diferente, com reatores de redução direta e fornos elétricos, com grande participação do hidrogênio.

“Mas será preciso converter os ativos da siderurgia para isso. Os primeiros entrantes ditarão as regras, mas sofrerão muito”, afirmou Abreu.

Ele disse não ter dúvidas de que o Brasil será líder na produção de hidrogênio verde, mas alertou que a indústria precisa da molécula comercializada a US$ 2/kg.

Para o executivo, um dos grandes desafios é a logística do hidrogênio, para que ele possa chegar em quantidades e preços adequados, de forma contínua, aos grandes consumidores.

“Acho que isso é algo que, em um primeiro momento, não está sendo devidamente avaliado e pode se tornar um grande gargalo”, destacou.

Globalmente, as siderúrgicas estão empenhadas em uma série de iniciativas para reduzir sua pegada de gases de efeito de estufa nas diferentes fases da produção, incluindo a busca por minério de ferro de maior qualidade como insumo, o que reduz as emissões de carbono da produção de aço em até 10%.

PROJETO DE LEI

Na última quarta-feira (19), o Senado aprovou, com alterações, o projeto de lei que estabelece o marco regulatório para a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono e determina incentivos fiscais e financeiros para o setor.

As emendas dos senadores que foram destacadas para votação em separado ainda aguardam votação e serão debatidas em uma sessão a ser definida.

Após a votação, o texto voltará à Câmara dos Deputados para uma nova análise.

O projeto define regras e benefícios para estimular a indústria do hidrogênio combustível no Brasil. O objetivo é ajudar a descarbonizar a matriz energética brasileira.